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Internacional

Duas em cada três crianças ucranianas precisam de ajuda

Comemorado nesta quarta-feira (01/06) em vários países, o Dia das Crianças não tem motivo para celebração na Ucrânia. Segundo dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ao menos 5,2 milhões de crianças ucranianas precisam de ajuda humanitária devido à guerra travada pela Rússia.

São, ao todo, 3 milhões de crianças no território da Ucrânia e outros 2,2 milhões que se refugiaram em outros países. Ou seja, mais de dois terços dos 7,5 milhões de menores ucranianos – ou duas em cada três crianças – foram deslocados devido aos combates e dependem agora de assistência humanitária.

Desde o início do conflito, que nesta quarta-feira completa 98 dias, ao menos 262 crianças morreram e 415 ficaram feridas, principalmente devido a ataques com explosivos em áreas povoadas, incluindo a destruição ou danificação de infraestruturas consideradas vitais, a exemplo de centenas de centros educacionais e unidades de saúde.

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De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, uma média de mais de duas crianças são mortas e mais de quatro são feridas todos os dias na Ucrânia. Na semana passada, a ONU atualizou para 4 mil o número total de civis mortos na guerra.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Unicef advertiu que a guerra está trazendo "consequências devastadoras para as crianças em uma escala e velocidade que não eram vistas desde a Segunda Guerra Mundial".

No texto, a diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, destaca que "a guerra destruiu a vida de milhões de crianças. Sem um cessar-fogo imediato e a negociação da paz, as crianças continuarão a sofrer, enquanto as consequências do conflito também afetarão crianças vulneráveis em todo o mundo".

O fundo da ONU também enfatizou que as crianças que fogem da guerra na Ucrânia, além de correrem sérios riscos de separações familiares, são vulneráveis a sofrer violência, abuso e exploração sexual, e podem cair em redes de tráfico humano.

O alerta do Unicef ocorre principalmente porque, segundo a entidade, a maioria das crianças que sofrem com a guerra foi exposta a eventos traumáticos. O fundo afirma que a ajuda humanitária deve focar na segurança, estabilidade, serviços de proteção infantil e apoio psicossocial, "especialmente àqueles que estão desacompanhados ou foram separados de suas famílias".

Até o momento, o Unicef já prestou assistência a mais de 610 mil crianças e pessoas envolvidas com cuidados psicossociais. Mas a entidade pediu à comunidade internacional um montante de ao menos 948 milhões de dólares para financiar a resposta humanitária, tanto na Ucrânia quanto em países que acolheram refugiados ucranianos.

Ucrânia investiga crimes de guerra

Conforme números divulgados na terça-feira, a Justiça ucraniana identificou "milhares" de supostos crimes de guerra desde que a Rússia invadiu o país. O anúncio foi feito pela procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, durante visita a Haia, na Holanda.

Na ocasião, Venediktova se encontrou com o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, e o presidente da Eurojust, Ladislav Hamran – a Eurojust é uma agência europeia que lida com cooperação judiciária entre os Estados-membros da União Europeia.

"Identificamos alguns milhares de casos com base no que vemos no Donbass", disse a procuradora-geral, em entrevista coletiva.

Ao todo, segundo Venediktova, a Ucrânia já identificou 15 mil casos de supostos crimes de guerra, que, segundo os ucranianos, incluem o envio forçado de pessoas para diferentes regiões da Rússia, tortura, assassinato de civis e destruição de infraestrutura civil.

Venediktova acrescentou que a cada dia surgem entre 100 e 200 denúncias de crimes de guerra atribuídos às forças militares russas.

Também nesta terça-feira, um tribunal ucraniano condenou dois soldados russos a 11 anos e meio de prisão por múltiplos ataques com mísseis realizados a duas aldeias na região nordeste de Kharkiv.