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Saúde

Cardiologista brasileiro faz sucesso nos EUA com cirurgias reparadoras

Até hoje foram 363 cirurgias e, em outubro, a filha do ator Juliano Cazarré, Maria Guilhermina, também vai passar pelas mãos habilidosas do médico José Pedro da Silva. A menina foi diagnosticada ainda na barriga da mãe, a bióloga Leticia, com a forma mais grave da doença chamada de Anomalia de Ebstein. Durante toda a gestação teve o seu desenvolvimento acompanhado pelos especialistas que a operaram assim que nasceu. A primeira cirurgia foi feita no Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, pela equipe de Silva. A segunda cirurgia será realizada pelo próprio médico, que hoje está radicado nos Estados Unidos. A doença, que afeta um em cada 10 mil bebês, é uma cardiopatia congênita rara que causa insuficiência no coração e pode comprometer os pulmões. A criança com Ebstein nasce com uma falha na válvula tricúspide — espécie de porta do coração, que, quando funciona mal, não fecha, fazendo com que o sangue em vez de abastecer os pulmões de oxigênio, retorne. Até Silva realizar a primeira cirurgia bem-sucedida para resolver o problema em 1993, a doença não tinha cura.

Vários pesquisadores desenvolveram formas e métodos para tratar a Anomalia de Ebstein no passado, mas a qualidade de vida do paciente e a garantia do resultado não eram satisfatórias. Foi então que, enquanto pescava na beira de um rio, Silva, cirurgião cardíaco do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, concebeu uma solução que se tornou padrão mundial para o tratamento da doença e, ficou conhecida como “Da Silva’s cone repair for Ebstein Anomaly”, o que, em português, numa tradução livre, seria “a técnica do cone do doutor Da Silva para a anomalia de Ebstein”. Ele explica que tudo foi uma questão de observar, imaginar e realizar. “Certa vez observei os peixes entrando num puçá e vi que por mais que tentassem, não conseguiam sair. Então, imaginei o coração como um puçá e consegui desmontar e montar novamente de um jeito que a válvula tricúspide se fechasse automaticamente depois da passagem do sangue”, conta. A vantagem do procedimento é que o paciente não tem uma prótese implantada no peito, não corre risco de rejeição e não precisa ser operado novamente com o passar dos anos.

A primeira operação com a técnica do cone foi feita há 28 anos e a paciente tinha 12 anos na época. A dona de casa Thais Alves conta que “por ter sido a primeira, foi uma opção no escuro, pois toda cirurgia tem seus riscos”. “Mas graças a Deus correu tudo bem”, afirma. Hoje, ela leva uma vida normal e tem dois filhos. Em 2020, no início da pandemia, Silva conseguiu estabelecer uma nova conduta médica para pacientes com diagnóstico semelhante ao de Maria Guilhermina. “Primeiro a criança, ao nascer, é submetida a uma cirurgia que utiliza a técnica desenvolvida pelo médico americano Vaughn Starnes, que interrompe o funcionamento do ventrículo direito do coração”, explica. “Depois de alguns meses ela volta a ser operada e com a técnica do cone reparamos a válvula tricúspide e os dois ventrículos voltam a funcionar, permitindo ao paciente uma vida normal.”

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Clarice Albuquerque Costa, 2 anos, nasceu com o mesmo problema de Maria Guilhermina. Ela foi submetida às mesmas condutas médicas que a filha de Cazarré. A menina que faz 3 anos em setembro é pura alegria e energia. O pai Thiago Costa, que também é medico, conta que não pensou duas vezes ao decidir entregar a vida da menina nas mãos de Silva, que a atendeu em sua última vinda ao Brasil antes da pandemia. Depois de Clarisse, Maria Guilhermina será a sétima criança a seguir a nova conduta estabelecida por Silva.

O médico brasileiro dá nome a uma ala do Hospital infantil de Pittsburgh, o Da Silva Center for Ebstein’s Anomaly, que funciona como um centro de estudos e pesquisas vinculado ao Heart Institute do Hospital de Pittsburgh. O reconhecimento levou em conta vários trabalhos e pesquisas realizados pelo médico. Ele foi o primeiro cirurgião da América Latina a fazer um transplante duplo com o sucesso, quando coração e pulmão são trocados ao mesmo tempo. Silva é, também, o primeiro médico a fazer dois corações baterem sincronizados no peito de uma mesma pessoa. Para os especialistas americanos, colegas de pesquisa, a criatividade do brasileiro e o amor pela profissão são únicos. E ele não mede esforços para ir até aqueles que precisam de seus conhecimentos e de sua fabulosa precisão cirúrgica.