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Política

Mendonça derruba decisão e libera reportagem sobre imóveis da família Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça acolheu recurso do UOL e derrubou a decisão do desembargador Demétrius Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que havia determinado a retirada do ar de reportagens que afirmavam que transações imobiliárias da família Bolsonaro foram feitas com dinheiro vivo.

“No Estado democrático de Direito, deve ser assegurado aos brasileiros de todos os espectros político-ideológicos o amplo exercício da liberdade de expressão”, afirmou Mendonça em sua decisão.

“Assim, o cerceamento a esse livre exercício, sob a modalidade de censura, a qualquer pretexto ou por melhores que sejam as intenções, máxime se tal restrição partir do Poder Judiciário, protetor último dos direito e garantias fundamentais, não encontra guarida na Carta Republicana de 1988.”

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O entendimento de Mendonça contraria a decisão de Cavalcanti, dada em um recurso interposto pelos advogados do senador Flávio Bolsonaro (PL), e que revogou liminar (determinação provisória e urgente) anterior, da 4ª Vara Criminal de Brasília.

O desembargador entendeu que as reportagens usaram informações sigilosas, contidas em inquérito policial que já havia sido anulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Tais matérias foram veiculadas quando já se tinha conhecimento da anulação da investigação, em 30/08/2022 e 09/09/2022, o que reflete tenham os Requeridos excedido o direito de livre informar.”

O que diz a reportagem do UOL

Uma reportagem do UOL de 30 de agosto publicou a informação de que metade do patrimônio em imóveis da família Bolsonaro foi construído em compras com dinheiro em espécie. O levantamento patrimonial foi feito com base em documentos de cartório referentes a 107 imóveis.

De acordo com o levantamento, desde os anos 1990 o presidente e familiares negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro em espécie, totalizando R$ 13,5 milhões.

Parte dos contratos expostos, de fato, aponta pagamentos em “dinheiro em espécie”. Outra leva, no entanto, apresenta descrições com termos como “moeda corrente nacional” ou “moeda corrente contada e achada certa”. Segundo fontes da área notária ouvidas por Oeste, essas expressões não podem ser interpretadas como dinheiro vivo.

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