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Dólar paralelo bate novo recorde histórico nas ruas da Argentina
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Dólar paralelo bate novo recorde histórico nas ruas da Argentina

Cotação da moeda americana no vizinho do Brasil atingiu 378 pesos e provocou venda milionária urgente do Banco Central do país

Viagem

A cotação do dólar paralelo na Argentina (dólar blue) atingiu o maior valor da história na última terça-feira (16) ao chegar a 378 pesos. A escalada da moeda americana provocou um movimento do Banco Central do país vizinho do Brasil, que precisou vender US$ 23 milhões para conter a disparada — foi a primeira vez, em 2023, que a autoridade monetária atuou no mercado.

O dólar blue é vendido nas ruas da Argentina, sem fiscalização, em casas de câmbio operadas por doleiros e cambistas. Normalmente, é mais valorizado do que a cotação oficial do governo.

Somente em janeiro, a moeda americana acumula alta de 32 pesos, uma expansão de 8% que o coloca no ativo de maior valorização em todos os tipos de câmbio da Argentina. Agora, o dólar blue argentino só perde para o 'dólar Catar', que custa o equivalente a 379 pesos e é outro apelido para a moeda americana comprada em pesos, associada ao Mundial no país árabe.

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Diante da escalada do dólar paralelo no país e do ambiente hostil para investidores e moradores da Argentina, o Banco Central do país precisou se desfazer de reservas em dólar. Ao todo, a autoridade monetária vendeu US$ 23 milhões ontem para frear a alta da moeda americana. A medida reduziu a "gordura" obtida durante o mês de US$ 285 milhões para US$ 262 milhões.

A diferença de cotação entre o dólar blue argentino e o 'dólar Catar' chegou a 40 pesos há um mês e, em pleno verão, incentivou os argentinos a viajaram para o exterior a fim de comprar informalmente em vez de pagar suas despesas com cartão para assim baratear o custo das férias.

A situação, porém, pode se agravar porque analistas do mercado argentino indicam que o dólar blue tem como piso o dólar da bolsa de valores, hoje em 342 pesos, enquanto o 'dólar Catar' já atingiu o teto. Logo, a moeda argentina pode se desvalorizar ainda mais.

Ao mesmo tempo, o governo de Alberto Fernández tem a esperança de que a escalada do dólar na Argentina perca força já que janeiro, mês de férias, apresenta a maior demanda. "Quem compra dólar para especular, achando que vai continuar subindo, vão ser pegos de surpresa", de acordo com fontes do Ministério da Fazenda argentino.

Os analistas apontam outros motivos que explicam o salto do dólar blue. Ao jornal argentino Clarín, o economista Salvador Di Stéfano especificou que a causa do aumento é que “há menos oferta porque os turistas já não usam este mercado, pagam com cartão a um preço semelhante”.

Este último ponto se refere aos estrangeiros que visitam a Argentina e que, até um mês atrás, era conveniente trazer dólares e trocá-los no mercado informal, já que a taxa de câmbio obtida era praticamente o dobro do preço que receberiam se pagassem por cartão.

O principal problema dessa operação era que, por ser ilegal, os dólares que os estrangeiros traziam não passavam pelo Banco Central. Para resolver a questão, no início de dezembro foi lançado o dólar para turistas estrangeiros, que permite pagar com cartão e obter a cotação similar ao dólar paralelo. Isso reduziu a oferta no blue.