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Política

Papel mostra Guedes fora de offshore, mas não explica situação de mulher e filha

O ministro Paulo Guedes divulgou na 6ª feira (8.out.2018) um documento da empresa que cuida da contabilidade e registros de sua offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, a Dreadnoughts. O papel diz que houve uma mudança registrada na composição da diretoria do empreendimento em 28 de janeiro de 2019: o ministro deixou o cargo de diretor da offshore em 21 de dezembro de 2018 –ou seja, antes de tomar posse como titular da economia do governo de Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019.

Não há no papel apresentado por Guedes informações sobre quem o sucedeu na empresa no cargo de diretor. Na criação da offshore, em 2014, ele aparecia também como acionista. O documento apresentado na 6ª feira não fala se o ministro manteve sua condição de sócio. Também não há informações sobre como foram as atuações de sua mulher, Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes, e de sua filha, Paula Drumond Guedes. Ambas constam como acionistas da empresa.

O documento chamado “Registered Agent’s Confirmantion Certificate” (certificado de confirmação de agente registrado) é assinado pela Trident Trust Company, que presta serviços de consultoria, assessoria e contabilidade para quem tem offshores nas Ilhas Virgens Britânicas.

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Diretor é um dos termos usado nas Ilhas Virgens Britânicas para se referir aos sócios. Além desse termo, é usado “registered share holder“, que é o titular das ações da empresa. A carta não informa duas questões relevantes: Guedes, por mais que tenha se afastado da diretoria da empresa, deixou de ser sócio ou acionista? Qual o papel desempenhado pela sua mulher e filha, que são suas sócias, nesse meio tempo? Fizeram investimentos?

O documento da Trident, apresentado por Paulo Guedes, informa o seguinte: a empresa Dreadnoughts International Group Limited (a offshore) está em pleno funcionamento; o agente representante, a Trident, atua legalmente como operador da offshore de Paulo Guedes e foi assim designado desde a criação do empreendimento pelo ministro, em 25 de setembro de 2014; um documento de 28 de janeiro de 2019 explica que “Paulo Roberto Nunes Guedes foi designado como diretor da companhia [a offshore] de 25 de setembro de 2014 até 21 de dezembro de 2018”.

Por conta desse documento, a defesa de Paulo Guedes argumenta que o ministro se desligou do controle da empresa antes da posse como ministro da Economia de Jair Bolsonaro, o que ocorreu em 1º de janeiro de 2019.