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Internacional

Dois senadores democratas frustram planos de Biden no Congresso

Com o controle da Casa Branca e da Casa dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), o Partido Democrata tem esbarrado em dificuldades no Senado — e os responsáveis são dois membros da própria sigla.

Em sua composição atual, o Senado dos Estados Unidos é dividido meio a meio entre democratas e republicanos, mas a vice-presidente da República, Kamala Harris, tem o poder de decidir em caso de empate já que, pela Constituição, ela também preside o Senado.

No momento, uma das prioridades do partido democrata é se livrar da regra que exige o apoio de 60 senadores (de um total de 100) para aprovar projetos que não tenham o consentimento dos dois partidos — ou seja, grande parte das medidas propostas pelo governo. Se a norma for derrubada, bastarão 51 votos para aprovar novos projetos de lei. Mas a ideia é controversa porque forneceria uma ferramenta que pode ser usada por outros grupos políticos no futuro para prejudicar os democratas.

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A mudança nas regras era necessária para que os democratas pudessem prosseguir com uma proposta de reforma eleitoral que, no papel, pretende facilitar o acesso dos eleitores às urnas ao eliminar normas estaduais vistas como muito restritivas. Para os republicanos, entretanto, a medida ameaça a lisura do sistema eleitoral por aumentar a possibilidade de fraude. Sem consenso, os democratas tentaram se livrar da regra dos 60 votos. Mas, para isso, seria preciso ter o apoio de 51 senadores (ou pelo menos 50, para que Kamala Harris desse o voto de minerva). Acontece que dois senadores democratas se recusaram a apoiar a proposta de Biden: Joe Manchin, da Virgínia Ocidental, e Kyrsten Sinema, do Arizona. Sem eles, o plano fracassou nesta semana. E não foi a única derrota recente da liderança do Partido Democrata.

Em dezembro, a resistência de Manchin e de Sinema também resultou na rejeição de um plano governo Biden para a economia que custaria pelo menos US$ 3,5 trilhões. Dentre outras coisas, a medida asseguraria creches gratuitas para todas as crianças de até seis anos de idade e também criaria um gordo pagamento mensal a boa parte das famílias: famílias: seriam 300 dólares por mês (cerca de R$ 1.600 reais) por criança até seis anos, e 250 dólares para crianças e adolescentes de 6 a 17. Mas, temendo as repercussões do programa sobre o orçamento, a senadora do Arizona não garantiu apoio à proposta. E o parlamentar da Virgínia Ocidental, após meses de negociação, anunciou que se oporia ao projeto. “Eu sempre disse ‘Se eu não posso voltar para casa e explicar, eu não posso votar a favor de algo’. Apesar dos meus melhores esforços, eu não posso explicar o Build Back Better Act na Virgínia Ocidental, e eu não posso votar para mover adiante essa proposta legislativa mastodôntica”, disse Manchin, referindo-se ao projeto do governo Biden.