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Internacional

Nicarágua vai às urnas neste domingo; eleição é marcada por repressão

Em eleição apontada como ilegítima, Ortega busca garantir 4º mandato consecutivo como presidente da Nicarágua.

A Nicarágua realiza neste domingo (7) uma nova eleição presidencial em que Daniel Ortega concorre a seu quarto mandato consecutivo —ele está no poder desde 2007. Na prática, Ortega concorre sozinho: todos os candidatos com potencial de enfrentá-lo foram presos ou forçados a sair do país. O principal partido de oposição foi formalmente impedido de concorrer.

Ortega enfrenta cinco candidatos desconhecidos e acusados de colaborar com o governo, após a detenção de sete pré-candidatos em uma ofensiva que levou 39 políticos, empresários, agricultores, estudantes e jornalistas para a prisão, desde maio.

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Uma pesquisa do instituto Cid-Gallup mostra que 65% votariam em um opositor e 19% em Ortega. Porém, o instituto pró-governo M&R afirma que 70% votarão no atual presidente e 11,2% nos candidatos desconhecidos.

Uma das pessoas presas é a ex-miss nicaraguense Berenice Quezada, que foi pré-candidata a vice-presidência na chapa lançada pelo partido Cidadãos pela Liberdade (CxL). Ela foi rotulada de terrorista, e sua prisão domiciliar foi decretada pelo regime. Ela foi considerada inabilitada para concorrer às eleições.

O atual presidente tem como companheira de chapa a mulher Rosario Murillo, que ele chama de “copresidenta”. Os dois lideram a Frente Sandinista de Libertação Nacional, um partido derivado de uma frente de guerrilha dos anos 1970.

Detidos acusados de traição

A favorita para ser eleita era Cristiana Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios (1990-1997) e que está em prisão domiciliar.

Os detidos são acusados de atentar contra a soberania e promover sanções contra a Nicarágua, "traição à pátria" ou "lavagem de dinheiro", com base em leis aprovadas em 2020 pelo Congresso, sob controle governista, assim como o Poder Judiciário e as autoridades eleitorais.

Fuga em massa para o exílio

Para Ortega, os mais de 150 opositores detidos desde 2018 não são políticos, e, sim, "criminosos" e "golpistas" patrocinados por Washington.

Mais de 100 mil nicaraguenses partiram para o exílio, sobretudo Estados Unidos e Costa Rica, durante a crise política.

Mais de 30 mil policiais e soldados foram mobilizados desde o começo da semana na Nicarágua para resguardar as eleições deste domingo.