BACK
Local

Quem é o homem investigado por ameaçar mulheres em academia de SP

Empresário de 42 anos acumula processos na Justiça. Ele já foi investigado por suspeita de espancar filho na adolescência e funcionário de hípica alega que foi chamado de 'bosta, baixinho barrigudo', entre outras ações.

Thiago Antonio Fernandes Vieira, suspeito de agredir uma mulher na academia de um shopping de luxo em São Paulo (SP), revelado pelo Fantástico no domingo (28), tem histórico de agressões e acumula ao menos dez processos na Justiça.

Thiago nasceu e cresceu em Recife, Pernambuco, e tem 42 anos. Empresário, atualmente mora na capital paulista. Nas redes sociais, se apresenta como "Thiago Brennand". Apesar de não ter oficialmente o sobrenome "Brennand", afirma que integra a família tradicional de Pernambuco.

Click to continue reading

No dia da morte do empresário, engenheiro, colecionador e incentivador das artes Ricardo Brennand, por exemplo, Thiago fez uma publicação dizendo ter o sobrenome do seu bisavô, que era pai de Ricardo Brennand, e fez uma longa descrição sobre as relações familiares, concluindo a homenagem póstuma com "um beijo, meu tio".

Casos na Justiça

Em um dos casos, Thiago foi investigado em um inquérito interno na faculdade de direito da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em 2013. Na época, foi apontado comportamento “desrespeitoso e agressivo em relação aos demais colegas e professores”, segundo o documento.

Em março daquele ano, na sala de aula, Thiago pediu para se sentar perto da parede para ficar ao lado da tomada com um notebook e atrás de outra aluna.

Em seguida, o cabelo da jovem teria tocado na tela do aparelho. Conforme o registro, de forma agressiva, ele teria segurado o cabelo dela e jogado para a frente.

“O que você acha de cortar seu cabelo! Se não, deixa ele aí para a frente, porque não quero que ele me incomode! Você é uma pirralhinha malcriada”, cita a instauração do procedimento.

Em 7 de março daquele ano, a jovem se sentou longe dele, mas, em um determinando momento, Thiago teria pegado o material da universitária e o jogado em outra carteira. Durante uma nova confusão, ele teria mostrado fotos de armas para a classe, sendo uma delas com uma criança, que segurava uma suposta metralhadora.

Os membros da comissão da Faap começariam a ouvir todos os envolvidos em 1º de abril de 2013.

Em nota ao g1, a faculdade afirmou que, em atenção à Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018), “não divulga informações de seus alunos e ex-alunos”.

Segundo apurado pelo g1, o empresário afirmou à Justiça em um dos cerca de 20 processos em que foi citado, que se mudou para a Suíça em 2013. Alegou “motivos pessoais, relacionados à sua segurança pessoal” e, ao fim de 2015, voltou para São Paulo.

O g1 tentou contato com o empresário e sua defesa, mas ninguém respondeu.

Assédio sexual

Em 2016, a funcionária de um restaurante na Zona Sul de São Paulo registrou um boletim de ocorrência e entrou na Justiça contra Thiago por danos morais.

Conforme o relato da vítima à Justiça, ela recepcionava clientes em 11 de agosto quando Thiago entrou no local com a família, a abraçou e tocou as nádegas dela.

Em seguida, ao ser questionado pela funcionária, o homem começou a xingá-la na frente de outros clientes. O dono do local foi avisado. Foi pedida medida protetiva, e a entrada do empresário passou a ser proibida. O caso foi registrado na delegacia como injúria.

Em setembro de 2021, houve um acordo entre as partes como um “mal-entendido” na situação, sem dano moral nem indenização. Contudo, o empresário decidiu pagar R$ 10 mil à mulher “sem reconhecimento de culpa”.

Filho desaparecido

Em 15 de abril de 2020, a mãe do filho de Thiago foi até a delegacia de crimes contra crianças e adolescentes de Pernambuco. À polícia, ela contou que no início do ano havia sido procurada pelo jovem, que morava na Rússia com o pai àquela época, e contou que estava sendo “espancado” pelo empresário.

Quando o menino e o pai vieram ao Brasil, o garoto, então com 14 anos, disse para a mãe que estava sendo vítima de agressões físicas e torturas psicológicas. Ela teria mandado passagens aéreas e o jovem saiu de casa sem avisar Thiago.

À polícia, o menino relatou que desde os 2 anos morava com o pai e que apanhava desde os 4 anos. Um cabo de celular, conforme o relato, se chamava “dozinha”. Quando o menino “fazia algo errado”, o pai dizia que pegaria a “dozinha” para bater nas mãos.

“Teve uma época que ele me bateu muito com uma baqueta de bateria. Ele tinha uma banda, quando eu menos esperava, ele já tava me batendo com a baqueta”, contou aos policiais.

Dias depois, a mãe prestou novas declarações e disse que o menino conversou com o pai e o responsável havia se comprometido a mudar o comportamento.

Em uma nova situação, o filho mudou a versão. Afirmou que havia mentido e que “se ele me bateu, foi pouco, não foi muito”.

Sobre apanhar com objetos, o jovem desmentiu e disse que “achava” ter sido agredido “com cinto ou sandália, mas nada grave”. Ao ser confrontado com fotos que exibiam marcas em suas costas, o adolescente afirmou que “foram outras coisas”.

Em maio de 2022, o empresário foi interrogado em uma delegacia especializada e sustentou que a confusão com o filho começou quando proibiu o namoro do jovem com uma mulher que teria 22 anos.

Quanto aos hematomas no filho, o empresário afirmou terem sido provocados pelo próprio adolescente, para convencer a mãe.

O Ministério Público se manifestou em 29 de maio deste ano pelo arquivamento do caso por “não haver indícios de conduta dolosa ou culposa”. O inquérito foi arquivado em junho.

‘Baixinho barrigudo’

O funcionário da segurança de um clube de hipismo da Grande São Paulo entrou com ações nas esferas criminal e cível contra Thiago.

Em agosto de 2021, foi pedida a instauração de inquérito policial para apurar a possível prática dos crimes de injúria e ameaça pelo empresário contra o funcionário do clube.

Conforme os autos, o sócio se portava de forma agressiva e andava com uma suposta arma. Em 14 de agosto de 2020, por volta das 17h, o empresário teria tentado entrar no clube e ofendido o funcionário.

“O procedimento padrão para ingresso no clube demanda a identificação do ingressante aos responsáveis pela segurança do local. O requerido, contudo, se recusou a fazê-lo sem motivo justificado, demonstrando considerável grau de agressividade.”

“Ao ser questionado pelo Requerente, funcionário da segurança, o requerido passou então a injuriá-lo, ofendendo sua dignidade e decoro por meio de agressões verbais como: ‘seu bosta, baixinho barrigudo, seu folgado, seu trabalho é de bosta’”, detalhou a defesa do empregado.

O processo cível foi acrescentado aos autos do inquérito policial, que está em andamento.

Ação de despejo por falta de pagamento

Em janeiro de 2013, conforme uma ação de despejo por falta de pagamento da 8ª Vara Cível de Santo Amaro, Thiago alugou um imóvel pelo prazo de um ano. De acordo com o proprietário, o morador deixou de pagar o IPTU em março daquele ano e, em abril, os aluguéis. Um grafite também teria sido feito no local.

Em uma vistoria, foram constatadas avarias que teriam sido provadas pelo locatário, assim como a apropriação de colchões e máquinas de lavar.

Nos autos, a defesa alegou a inexistência de contrato e ter devolvido o imóvel em abril de 2013.

Em primeira instância, a Justiça decidiu pelo pagamento de IPTU, aluguéis vencidos e acessórios da locação. O caso segue na segunda instância.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/08/30/assedio-injuria-agressao-divida-de-aluguel-quem-e-o-homem-investigado-por-ameacar-mulheres-em-academia-de-sp.ghtml