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Por que agricultores brasileiros estão deixando de plantar feijão - e o que isso tem a ver com a fome - BBC News Brasil
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Por que agricultores brasileiros estão deixando de plantar feijão - e o que isso tem a ver com a fome - BBC News Brasil

Estagnação da produção de gêneros básicos, muitas vezes substituídos pela soja no campo, ajuda a explicar por que o PF encareceu tanto.

Negócios

Quem vê as plantações de soja a perder de vista no horizonte de Capão Bonito, no interior de São Paulo, não imagina que esta era, até o início dos anos 2000, a "capital do feijão".

Nas últimas duas décadas, uma série de fatores mudou o perfil das lavouras da região e contribuiu para que o feijão perdesse espaço. Literalmente: nas estimativas do engenheiro agrônomo Nélio Masayuki Uemura, da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, a área plantada encolheu de 15 mil hectares para cerca de 3 mil hectares.

Entre os fatores que explicam a mudança está a praga da mosca branca, que chegou por volta do biênio entre 2000 e 2001 e praticamente inviabilizou uma das duas safras de feijão cultivadas todo ano pelos produtores da região. Outro determinante foi a inserção do Brasil nas grandes cadeias de commodities.

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Por ter um mercado internacionalizado, com negociação de contratos futuros, a soja acaba sendo mais segura para os produtores do que gêneros básicos como o feijão, que se restringem basicamente ao mercado interno, explica Uemura.

Em paralelo, os grandes investimentos feitos pelo setor privado no melhoramento de sementes, por exemplo, aumentaram a produtividade da commodity. Assim, além de menos arriscada, ela é mais rentável, especialmente em momentos como o atual, em que o dólar está nas alturas.