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Política

O Brasil dos institutos de pesquisas foi às ruas

Manifestantes voltaram às ruas neste sábado, 2, em protesto contra o governo de Jair Bolsonaro. Foram registrados atos em algumas capitais do país, como no Rio de Janeiro pela manhã, em Salvador e Recife. Em São Paulo, onde foi contratado um carro de som cinco estrelas (alugado por R$ 100 mil) próximo ao Masp para recepcionar o público, a passeata teve como atração a presença de Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT). Faixas foram estendidas nas pistas pedindo o impeachment do presidente. A principal crítica foi a alta de preços de gêneros alimentícios e, especialmente, do botijão de gás.

Uma premissa irrevogável do jornalismo é não brigar com os fatos. Diferentemente de alguns sites e emissoras de TV que fizeram ginástica para tentar manter aquecida a cobertura de uma manifestação sem gente e convocaram especialistas para dizer que o que estava na tela não era “o retrato do que o brasileiro pensa” (esta frase foi pinçada do noticiário televisivo), a Oeste optou pelas imagens aéreas da Polícia Militar de São Paulo.

Neste sábado, dois helicópteros “Águia” se revezaram no monitoramento, junto com uma inovação que a polícia tem testado com eficácia: drones — hoje foram cinco. A PM colocou mil homens nas cercanias da Paulista, no Centro e nas revistas nas catracas das estações do Metrô, além de 150 viaturas e 60 cavalos.

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Os atos deste sábado tiveram a mesma concentração da passeata de 12 de setembro, convocada por MBL, Vem Pra Rua, João Doria e João Amoêdo. Desta vez, contudo, há um elemento diferente e que deve ser notado no xadrez eleitoral: foi a esquerda quem convidou a turma para a festa — leia-se: PT, Psol, CUT e sindicatos, que historicamente tinham capacidade de mobilização de massa. Não foi ninguém. Mais do que isso: por que Lula não apareceu? Foi cálculo, método ou o quê?

Os atos contra Bolsonaro fracassaram de novo. Só que desta vez deixaram um recado mais amargo: com ou sem Lula, a bandeira do atraso parece pesada demais — e os institutos de pesquisa insistem em dobrar a aposta.