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Negócios

EUA: Setor de cannabis segue promissor

Cannabis: enfim, o grande motivo da nossa visita às terras americanas.

No evento, pudemos escutar tanto de empresas de capital aberto como de instituições privadas aquilo que batemos na tecla aqui dia sim, outro também: o setor de cannabis nos EUA segue altamente promissor, mas é algo que nenhum investidor pode esperar que mature da noite para o dia.

Com vendas que totalizaram mais de US$ 23 bilhões em 2021, a expectativa dos analistas é que até 2026 esse mercado ultrapasse a marca dos US$ 46 bilhões. No mundo, as projeções apontam que o setor deve movimentar US$ 61 bilhões no mesmo período, ante US$ 29 bilhões no ano passado.

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Campeão da NBA investe em cannabis?

É interessante notar a participação de grandes personalidades no segmento. Logo de cara tivemos a oportunidade de conversar com Isiah Thomas — duas vezes campeão da NBA (liga de basquete americana) pelo Detroit Pistons e 12 vezes convocado para o Jogo das Estrelas da liga.

Hoje ele é CEO da One World Products, que pretende produzir cannabis e cânhamo na Colômbia e exportar para outras empresas de bens de consumo ao redor do mundo.

Setor de cannabis é vantajoso no longo prazo?

Sem falar em todos os empreendedores com quem conversamos durante esses dois dias (um deles já investiu cerca de US$ 85 milhões para estruturar operações em três estados americanos), além das companhias de capital aberto presentes (uma que está atualmente na carteira do Green Rider anunciou um novo negócio no valor de US$ 80 milhões no evento).

Contudo, ainda que as empresas e os executivos se mantenham positivos quanto ao longo prazo, com capacidade de colocar seus planos estratégicos em prática, fato é que o grande empecilho para o setor tem sido a questão regulatória.

O caminho até a regulação

Nem mesmo a presença de dois congressistas do Partido Republicano (tido como mais conservador nesse assunto), que já apresentaram projetos de lei visando facilitar a vida das companhias do setor, foi suficiente para virar o humor dos presentes. Ainda temos um longo caminho pela frente.

Por outro lado, o início das vendas no estado de Nova Jersey serviu de alento para os investidores, mostrando que diversos outros estados ainda podem entrar na dança e aumentar o tamanho desse mercado.

Brasileiros revolucionam o mercado de cannabis nos EUA

Família Mendes troca Goiânia pelo Oregon e se torna dona de um império da erva, com medicamentos, comestíveis, cigarros e até produtos de higiene pessoal.

Com pouco dinheiro no bolso, eles deixaram a vida modesta em Goiânia e imigraram para os Estados Unidos, em 1999. Na cabeça, um objetivo: garantir educação e segurança aos três filhos pequenos. Mais de 20 anos depois, os Mendes, que hoje também atendem por Redwood, conquistaram, além dos sonhos que levavam na bagagem, um feito inédito entre brasileiros imigrantes. Eles se tornaram donos de um império de cannabis que comercializa medicamentos, comestíveis, cigarros e até produtos de higiene pessoal feitos da erva. Fazem sucesso ainda com a venda de máquinas desenvolvidas por eles próprios para a colheita e extração dos compostos da planta, o que atualmente representa parte significativa dos quase US$ 2 milhões de faturamento da USA Hemp.

As últimas duas décadas foram de trabalho intenso para Corina (44 anos), José (47) e os filhos Rafael (27), Gustavo (25) e Ana Carolina (24), envolvidos na administração dos negócios da família desde a adolescência. Nos primeiros dois anos em solo americano, o patriarca trabalhou primeiro como pedreiro na construção civil e, depois, como caminhoneiro, atividade que já havia exercido em Goiânia. Cansado das longas viagens, José voltou para a construção civil. Desta vez com mais capital, o que possibilitou a compra de um terreno, logo revendido. A situação melhorou até 2008, quando perdeu tudo com a crise imobiliária que atingiu em cheio seu setor.

Corina segurou as pontas com bicos de faxineira, manicure e decoradora. Este último trabalho prosperou, e ela abriu uma empresa de decoração onde colocava os filhos e o marido para trabalhar também. “Era labuta seis dias por semana. Saíamos do último evento no sábado de madrugada e Corina colocava todo mundo no carro para viajar e desfrutar o domingo, nosso único dia de folga. Por mais duro que fosse, ela sempre fez questão de celebrar”, lembra José. Até então, a família do Centro-Oeste brasileiro tinha pouco conhecimento e até mesmo aversão à maconha. Nos Estados Unidos, após décadas de perseguição à erva e aos seus consumidores, começava o debate pela legalização.

Trabalho de escola

Rafael, o filho mais velho, então com 17 anos, interessou-se pelo assunto. Cursava o último ano do colégio. Para o trabalho de conclusão, apresentou uma detalhada pesquisa sobre os potenciais benefícios da erva na saúde, na indústria e na economia. Para além da desaprovação dos professores, Rafael conseguiu o feito de plantar, em seus irmãos, a semente da ideia do que, um dia, viria a ser o império familiar de cannabis.