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Colégio Católica reduz uso de celular com brincadeiras populares | Metrópoles
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Colégio Católica reduz uso de celular com brincadeiras populares | Metrópoles

Na hora do intervalo, o colégio Católica propõe atividades coletivas como pular corda, elástico, futmesa e peteca para tirar necessidade dos alunos

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Ninguém duvida que a tecnologia é uma facilitadora na vida pessoal, profissional e educacional das pessoas. Inclusive, aparelhos como smartphones são ferramentas importantes no dia a dia para se comunicar, se informar e até mesmo para se distrair. No entanto, o uso excessivo do celular pode ser uma problemática, em alguns casos virando até um vício. Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a dependência digital entre as Classificações Estatísticas Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11). O termo “gaming disorder” já foi relacionado ao vício em jogos virtuais on e off-line, principalmente em crianças e adolescentes.

Observando essa dependência dentro do ambiente escolar, o Colégio Católica resolveu propor uma forma diferente para estimular os estudantes a passarem menos tempo no celular. A hora do intervalo agora conta com atividades coletivas que resgatam brincadeiras populares, como pular corda, elástico, futmesa e peteca.

Tecnologia: aliada se usada de forma saudável

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A ideia surgiu a partir da percepção da diretora do colégio, Denise Canal. De acordo com ela, muitos alunos estavam sofrendo com o impacto pelo uso excessivo do celular, com comportamentos ansiosos, impacientes e com prejuízo pedagógico. “É importante que os responsáveis pela educação no ambiente escolar e familiar saibam estabelecer critérios para que eles [crianças e adolescentes] façam uso das ferramentas que têm a seu dispor de modo saudável”, aponta.

“Os recursos tecnológicos estão entre as ferramentas que invadiram a sociedade nas últimas décadas e estão cada vez mais presentes no cotidiano das crianças e adolescentes. Prova disso é a habilidade crescente com que as crianças manuseiam os novos aparatos eletrônicos. É importante destacar que diversos estudos evidenciam os riscos do uso excessivo dos celulares, desencadeando o aumento da obesidade na 1ª e 2ª infância, assim como patologias associadas ao sedentarismo tecnológico.”

Denise Canal, diretora-geral do Colégio Católica

Orientadora do Ensino Médio, Zete Eleutério destaca que, apesar da tecnologia ser uma aliada no processo de aprendizagem, muitos alunos ainda não têm controle sobre o uso adequado dela. “O celular é como um filho para eles, não largam para comer, para ir ao banheiro nem para assistir a aula. Eles teclam o tempo todo, 99% descem para o intervalo com o celular na mão. A escola, percebendo essa dificuldade, vem oferecendo momentos de interação com atividades lúdicas nos intervalos”, conta.

Integração

A implementação das brincadeiras iniciou em meados de outubro, mas o colégio já percebeu mudanças significativas nos estudantes. “Em pouco tempo, já notamos uma queda na ansiedade, um aumento do bem-estar e uma melhor concentração nas aulas depois do intervalo”, aponta Denise.

Para Felipe Ribeiro de Souza, 15 anos, a proposta foi uma ótima maneira de deixar o intervalo mais divertido. “A experiência está sendo muito incrível, não consigo ficar parado e às vezes nem sei onde está o celular”, comenta o estudante que cursa o 9º ano do Ensino Fundamental no Colégio Católica.

Felipe conta que antes da implementação das brincadeiras, ele ficava o tempo todo no aparelho. “Não tinha muito o que fazer, então sentava em um canto conversando e mexendo no celular. Agora tem futmesa e ainda dá para pular corda. É uma boa forma de desestressar”, afirma.

Sucesso entre os alunos

Uma das orientadoras do Ensino Fundamental 2, Celma de Alencar, aponta que a iniciativa tem sido um sucesso entre os alunos. Para ela, brincar não é apenas manusear objetos e jogos eletrônicos, e sim interagir e socializar com os colegas e familiares.

“A fim de proporcionar aos nossos estudantes momentos de interação, socialização, criatividade e movimentação do corpo, o intervalo no Colégio Católica de Brasília oferece as brincadeiras populares da geração dos seus pais e avós, que caíram no esquecimento devido aos avanços tecnológicos da modernidade. Com isso, nosso intervalo está mais dinâmico e alegre, e aos poucos as brincadeiras como elásticos, pular corda e futepano estão em prioridade em relação ao uso dos aparelhos eletrônicos.”

Cerca de 80% dos alunos não utilizam mais o celular durante o intervalo após a implementação das brincadeiras.

As atividades contemplam alunos dos ensinos Fundamental e Médio, entre 11 e 17 anos. O colégio ainda propõe outras atividades também em sala de aula que estimulem mais o aluno para o assunto de interesse.