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Meirelles vê risco de Lula repetir Dilma e levar o país à recessão | Metrópoles
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Meirelles vê risco de Lula repetir Dilma e levar o país à recessão | Metrópoles

"Eu tinha a expectativa de que o Lula fosse repetir o seu primeiro mandato", afirma Henrique Meirelles, que comandou o BC entre 2003 e 2010

Negócios

Há 20 anos, quando assumiu a Presidência da República pela primeira vez, Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu o mercado e comprou briga com amplos setores do PT ao escolher o banqueiro Henrique de Campos Meirelles para assumir o comando do Banco Central (BC).

Conhecido, até então, por sua trajetória bem sucedida no BankBoston, do qual foi presidente global entre 1996 e 1999, Meirelles, engenheiro por formação, havia acabado de entrar na política para disputar uma vaga na Câmara Federal. Foi o deputado mais votado de Goiás em 2002, pelo PSDB.

O escolhido por Lula para o BC desistiu de assumir o mandato no Legislativo, desfiliou-se do partido e esteve à frente da autoridade monetária do país entre 2003 e o fim de 2010, durante os dois primeiros mandatos do petista. A despeito da forte resistência da esquerda, a parceria, à época, foi considerada exitosa.

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Duas décadas depois, já distante da órbita petista após ter sido ministro da Fazenda de Michel Temer (2016-2018) e secretário da Fazenda de São Paulo na gestão de João Doria (2019-2022), Meirelles declarou apoio à candidatura de Lula no segundo turno da eleição presidencial, contra Jair Bolsonaro (PL).

Passados quatro meses do novo governo, o ex-chefe do BC, hoje aos 77 anos, vê com preocupação a condução da economia. Para ele, Lula optou por seguir uma linha semelhante àquela adotada por Dilma Rousseff, que governou o país de 2011 a 2016, até ser afastada do cargo por impeachment, em vez de reeditar a política de seus dois mandatos anteriores.

“O Lula começou a anunciar, logo depois da eleição, uma política na linha do que foi o governo da ex-presidente Dilma, que levou o Brasil a uma recessão muito grande. É um risco que corremos”, alerta Meirelles, em entrevista ao Metrópoles.

Meirelles lamenta a decisão do governo de acabar com o teto de gastos – implementado sob sua gestão na Fazenda, em 2016 – e vê problemas no projeto do novo arcabouço fiscal. Para ele, o modelo é “complexo”, “de difícil execução”, e depende de um aumento significativo da arrecadação para se viabilizar.

Nesta entrevista ao Metrópoles, Meirelles defende uma reforma administrativa, critica eventuais mudanças na Lei das Estatais e afirma que o bombardeio do governo Lula sobre a gestão do presidente do BC, Roberto Campos Neto, dificulta a queda dos juros.

“O BC está fazendo um trabalho correto, adequado. Esse barulho todo é até compreensível do ponto de vista político, mas é negativo no aspecto econômico e de política monetária”, afirma.