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Por que não devemos aquecer comida do bebê em plásticos no micro-ondas
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Por que não devemos aquecer comida do bebê em plásticos no micro-ondas

Nem a comida do seu filho nem a sua estarão seguras se você usar um recipiente plástico para aquecê-las no micro-ondas. Cientistas americanos revelam os danos em estudo

Saúde

Nem a comida do seu filho nem a sua estarão seguras se você usar um recipiente plástico para aquecê-las no micro-ondas. Cientistas americanos revelam os danos em estudo.

Meu micro-ondas quebrou há cerca de um ano. Ele nunca foi muito solicitado, para dizer a verdade. Gostava de esquentar comida guardada na geladeira e, eventualmente, fazer bacon crocante em fatias (é uma facilidade: é só colocar as fatias sobre papel-toalha, na potência máxima, por quatro minutos).

Mas fato é que alguma peça queimou no aparelho e eu nunca mais usei. Desde que meu filho começou a introdução alimentar, aqueço os alimentos que ele vai consumir em banho-maria ou na panela a vapor, e depois transfiro para o prato dele. Com o eletrodoméstico quebrado, acabei desenvolvendo o mesmo hábito para mim, quando tenho que aquecer algo. O micro virou um móvel, no qual eu apoio todo o tipo de bagunça da cozinha.

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Confesso que sempre tive certa desconfiança daquelas ondas, dentro de uma caixa de metal fechada. Um misto de preconceito e medo de radiação. Mas um artigo científico publicado neste ano por pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos EUA, mostra que o meu preconceito tinha fundamento.

Os cientistas constataram a liberação de pequenas partículas quando aquecemos alimentos armazenados em plástico no micro-ondas. Comida congelada em sacos de polímeros, copos e recipientes para guardar leite para bebês (mamadeiras inclusive) e os tupppwares, mesmo aqueles feitos para serem usados em micro-ondas, não devem passar por esse processo.

Os pesquisadores usaram duas substâncias no teste: água destilada e ácido acético a 3% (encontrado em alguns alimentos ácidos). Eles avaliaram diversos cenários de uso, incluindo aquecimento no micro-ondas, refrigeração e armazenamento em temperatura ambiente.

Os resultados foram alarmantes: apenas um centímetro quadrado de área plástica poderia liberar impressionantes 4,22 milhões de partículas de microplásticos e 2,11 bilhões de partículas de nanoplásticos quando submetida em apenas três minutos no micro-ondas. Traduzindo: parte do plástico meio que se desintegra e vai parar no alimento que ingerimos.

Diferentes tipos de plásticos tiveram efeitos diversos. Os potes de alimentos feitos de polietileno — um composto plástico mais flexível e resistente a produtos químicos — liberaram mais partículas do que os recipientes de plástico feitos de polipropileno — mais densos e resistentes a mudanças de temperatura.

Para entender quais são os riscos à saúde, os pesquisadores estimaram quanto dessas partículas poderiam acabar no nosso organismo se fizermos uso diário. Para bebês que tomam água aquecida no micro-ondas (comum em países mais frios onde a água sai naturalmente gelada da torneira), por exemplo, a maior ingestão diária estimada foi de 20,3 nanogramas por quilograma de peso corporal, e para crianças pequenas que consomem produtos lácteos aquecidos no micro-ondas em recipientes de polipropileno, a quantidade foi ainda maior, chegando a 22,1 nanogramas por quilograma de peso corporal.

Falando assim fica difícil entender o efeito prático no nosso organismo, né? Pois bem... Os pesquisadores utilizaram células do rim embrionário humano para verificar o impacto. Os resultados foram preocupantes: quando expostas a altas concentrações de microplásticos e nanoplásticos, cerca de 77% dessas células morreram após 48 a 72 horas. Deu pra entender agora o efeito, principalmente em bebês e crianças que têm os órgãos menores e ainda em formação?

O estudo também revelou que o armazenamento a longo prazo na geladeira ou em temperatura ambiente ainda pode liberar bilhões dessas partículas ao longo do tempo — mas convenhamos, você já não deveria armazenar nada no seu freezer por mais de seis meses.

Vale lembrar aqui que o polipropileno é considerado seguro ao ser utilizado no micro-ondas pelo FDA — a agência regulatória dos EUA (uma espécie de Anvisa de lá). Ele está presente em emabalagens de produtos congelados que vão diretamente no micro, por exemplo.

Então, amigo leitor, a lição que fica: não é uma boa ideia aquecer comida em recipientes de plástico no micro-ondas. Pior ainda se essa comida for destinada a crianças e bebês. Usar esses recipientes em banho-maria é menos pior, mas também não é o ideal. Para aquecer alimentos, vidros e outros materiais são, em tese, menos prejudiciais.

Dica: abra o saco plástico, retire o alimento e suje alguma louça pelo bem da sua saúde. Ou faça como eu: abandone o micro-ondas.