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'Eletrificação é sim um caminho sem volta', diz presidente da Mercedes-Benz ao R7 
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'Eletrificação é sim um caminho sem volta', diz presidente da Mercedes-Benz ao R7 

Carlos Garcia fala sobre o futuro dos carros elétricos no mundo e o cenário (e as realidades) do mercado brasileiro 

Ciência & Tecnologia

Carlos Garcia é paulista nascido em São Bernardo do Campo e está há 35 anos na Mercedes Benz. “Brasileiro, com nome espanhol e jeito de alemão”, como costuma dizer, Garcia é um líder bem próximo de suas equipes e acompanhou o evento de lançamento dos SUVs EQE e EQS no México. Ao lado dos profissionais de imprensa, sempre atento às perguntas e aberto aos questionamentos sobre os próximos passos da Mercedes Benz no Brasil, atendeu ao convite do R7-Autos Carros para uma entrevista exclusiva.

Garcia que é presidente da Mercedes Benz Cars & Vans Brasil falou sobre o futuro da eletrificação no segmento automotivo, destacou a recente separação da empresa entre o segmento premium de automóveis e o tradicional segmento de veículos pesados. A separação física levou a Mercedes Benz a ocupar um novo escritório em São Paulo e não mais em São Bernardo do Campo. Os próximos passos incluem a inauguração de um novo centro logístico e um novo centro de treinamento investindo somando R$ 75 milhões para consolidar esse novo momento da marca em um processo de renovação de produtos.

Qual a diferença do mercado de carros elétricos no Brasil para outros países desenvolvidos?

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Quando avaliamos o mercado depende do que você tem de interesse e suporte governamental. A Alemanha definiu políticas governamentais e definiu um deadline para deixar de vender carros a combustão até 2035 o que é um prazo curto. Na Noruega 90% dos veículos vendidos são elétricos. A América Latina tem seu potencial. Há um ano no Brasil a Mercedes Benz só tinha o EQC, depois lançamos o sedã EQS, o EQA e hoje apresentamos os SUVs EQS e EQE. O Brasil está bem atualizado em relação ao que oferecemos no mercado incluindo carros elétricos e eletrificação em geral como os carros de 48V (híbrido leve) e estamos trabalhando nesse caminho.

A Mercedes sempre falou em eletrificação total mas agora temos visto em várias marcas mais modelos híbrido plug in. Como você avalia esse perfil de produto?

Quando você avalia o mercado o híbrido é um meio termo até o veículo elétrico pois há uma estrutura necessária para torná-lo viável. O Brasil tem uma grande vantagem porque a nossa base de geração de energia é limpa. Somado a um veículo sem emissão isso é muito positivo.

Você acha que há volta no caminho da eletrificação?

A eletrificação é um caminho sem volta. Teremos muitas restrições aos carros a combustão no mercado europeu, chinês, e norte-americano. Nosso mercado é de dois a três milhões de unidades por ano e não ficaremos isolados. Como Mercedes Benz estamos investindo € 60 bilhões em novos produtos até 2030. Até lá metade dos nossos produtos serão elétricos e até 2039 nosso plano Ambition é de neutralizar as emissões de CO2 em conjunto com fornecedores e concessionários.

Os engenheiros que faziam os melhores motores a combustão agora precisam trabalhar para desenvolver os melhores motores elétricos e os softwares para controle desses produtos.

A Mercedes sempre desenvolveu os próprios motores e baterias elétricos. Seguirão assim?

Somos muito verticalizados. O motor é a bateria são os dois corações do veículos. Temos que cuidar de todo o processo da bateria e sua reciclagem. Chegaremos no futuro próximo com carros que oferecem até 1.000km de autonomia no caso do conceito EQXX. Na realidade hoje já temos carros com até 600km de autonomia disponíveis. Autonomia claro depende do tipo de uso, da temperatura entre outros fatores.

A Mercedes tem planos de expansão de fábricas de baterias em vários países. Como está esse plano para assegurar a introdução de novos produtos?

A marca tem planos e parcerias com o Canadá por exemplo para fornecimento de lítio e cobalto. Queremos assegurar o fornecimento desde a base até o produto manufaturado que é a bateria. Muitas empresas estão no mesmo processo.

Há uma parceria entre a Mercedes e a Stellantis para produção de baterias na América do Norte. Como está esse processo?

Temos essa e outras parcerias para assegurar o fornecimento de baterias. Esse processo na América do Norte está bem adiantado. Mas além da bateria temos que trabalhar aspectos legais como fornecimento de energia, que são concessões, e que garantem a fonte e energética para a introdução desses novos produtos.

Avaliam produzir carros elétricos na América Latina?

Não temos esse plano no momento. A partir da Europa, China e América do Norte a produção está concentrada hoje seguindo a expertise de cada país. No caso dos EUA por exemplo onde está a expertise de SUVs abastecemos outros mercados, na China há um grande mercado e a produção é só para abastecer o mercado local e da Europa atendemos além dos países europeu, o Brasil, a África e outras regiões.

Como você analisa o cenário das novas marcas chinesas que chegaram ao Brasil recentemente como BYD e Great Wall Motors?

O Brasil é um mercado muito importante no cenário automobilístico mundial. Mas hoje estamos usando uma capacidade instalada de 50 a no máximo 60% então há logicamente uma pressão adicional de custo para as empresas. Mas você tem que competir. Desde que as marcas venham para se desenvolver no mercado e ver com investimentos de longo prazo vejo como positivo esse cenário.

Quais são os diferenciais da Mercedes nesse cenário competitivo?

No nosso caso específico e sempre monitoramos todos os movimentos do mercado, olhando como empresa de luxo que nosso foco é trabalhar na digitalização e na experiência do cliente de conhecer nosso produto de forma on-line em um primeiro contato e oferecer sempre a experiência premium. Nós sempre focamos em oferecer o que existe de melhor para o nosso cliente de forma consciente, consistente e consequente.

Quando teremos os carros da marca conectados com internet embarcada como já existe na Europa?

Estamos trabalhando nesse sentido entendendo as especificidades do nosso mercado para ter o hardware, o software, comunicação e em breve - no princípio do próximo ano - teremos novidades para o nosso mercado consumidor nesse sentido.