Criada em 2021 através da Lei 14.193/2021, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) pretende incentivar que os clubes de futebol migrem da associação civil sem fins lucrativos para o formato empresarial, que possui normas de governança, controle e financiamentos específicos para esta modalidade esportiva.

Carlos Eduardo Ambiel, professor de Direito Trabalhista e Desportivo da FAAP-SP e sócio do escritório Ambiel Advogados, explica o formato. “A Lei da SAF criou o modelo societário específico para o futebol, com a transferência dos ativos esportivos para o CNPJ de uma empresa nova, com o clube associativo se tornando acionista. E a “compra” de um clube de futebol ocorre assim, quando um investidor interessado compre as ações dessa sociedade anônima de futebol”, explicou.

Ambiel esclarece que a SAF envolve apenas os ativos esportivos de um clube de futebol. “A SAF só é possível para os clubes associativos que tenham o clube de futebol e é válido apenas para o futebol. Dessa forma, quem assumir o comando da SAF administrará o time masculino e feminino, lembrando que uma obrigação de quem se torna SAF é ter uma equipe feminina; assim como será responsável por inscrição em campeonatos, contratos de televisionamento, patrocínio, contratos de trabalho, licenciamento, autorizações de uso de imóveis, como estádio e centro de treinamento e também as dívidas, caso elas existam”.

E como uma empresa a SAF pode ir a falência? O especialista explica que sim. “O clube que se torna uma SAF passa a se sujeitar as regras de recuperação judicial e falência como qualquer outra empresa. E não só a SAF, mas como também pode ocorrer com a associação que a criou”, concluiu Ambiel.

Ronaldo Fenômeno foi o pioneiro

O primeiro grande clube a optar pela SAF foi o Cruzeiro, de Minas Gerais, com o ex-jogador Ronaldo Nazário (ou Ronaldo Fenômeno para os torcedores) assumindo o comando do time. Após um ano e meio da aprovação da Lei da SAF, dezenas de clubes, de todos os tamanhos e regiões do país, optaram em se tornar empresa.

Formato tem estilos diferentes de gestão no Brasil

Além do Cruzeiro, outros dois grandes times do futebol brasileiro se tornaram empresa. São os cariocas Botafogo e Vasco da Gama, que trazem estilos de comandos bem diferentes entre si, seguindo o estilo dos seus donos, os norte-americanos John Textor e Josh Wander.

Textor está a frente do Botafogo, literalmente. As decisões do futebol passam por ele, desde a negociação direta com jogadores até a responder críticas nas redes sociais.

Já Wander deixou a administração do futebol do Vasco da Gama por conta de vários diretores diferentes, obedecendo um organograma complexo de uma grande empresa. Ele prefere defender os interesses do clube em temas mais amplos, como a criação de uma liga com os clubes brasileiros.

Lemann tem passado ligado ao esporte

Os rumores que ligam Lemann ao São Paulo podem marcar um retorno do empresário ao esporte. Tenista, ele participou de torneios importantes da modalidade nos anos 1960 e 1970, como o prestigiado Torneio de Winbledon e a Copa Davis, onde defendeu a Suíça em 1962, e o Brasil, em 1973.

Procurada pela Isto é Dinheiro, a assessoria de comunicação do São Paulo Futebol Clube não se manifestou.