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Opinião

Para quem gosta de crônicas vai uma dica: "O amor acaba" #LITERATURA

"O amor acaba" é o livro que reúne as melhores e principais crônicas do poeta e cronista Paulo Mendes Campos, de quem sou fã. Para quem gosta de crônicas, vai se deliciar e se apaixonar. Contradizendo o título, o tema principal é o amor e suas variações: o amor pelo êxtase, a beleza feminina, a amizade, o ócio, o desregramento dos sentidos - e uma bem-humorada e ligeira luta contra os lugares-comuns, o conservadorismo, a falta de delicadeza, as convenções e a chatice.

Em "O amor acaba", o escritor mostra como o lirismo pode começar em qualquer lugar. Basta apenas ter olhos para ver a beleza em um bar, em um decote, na forma como se desperta em um domingo e em tantas outras coisas. Segundo o professor da USP Ivan Marques no posfácio à edição de "O amor acaba", Paulo Mendes Campos ajudou a alargar os limites do gênero. Para ele, de fato, crônica podia ser tudo: tanto as digressões líricas e cômicas como as páginas de reflexão dedicadas à condição humana, às novidades do mundo moderno, às descobertas científicas e antropológicas e etc...

Nascido em 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte, e radicado no Rio de Janeiro, Paulo Mendes Campos foi um cronista de primeira linha. Ele faz parte do time de autores do primeiro escalão como: Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga e Fernando Sabino. O cronista tinha aversão a tudo que cerca a notoriedade literária. Em seus textos, principalmente as crônicas e em sua obra poética, o autor fala sobre perplexidades humanas com poesia, prosa de profunda originalidade, bom humor e doses aceitáveis de compaixão. "O amor acaba" reúne as crônicas líricas e existenciais, trazendo, entre outras, as famosas 'Um homenzinho na ventania', 'Por que bebemos tanto assim' e 'O amor acaba'. Como não podia viver apenas da literatura, pois tinha família (esposa e dois filhos) para sustentar, o escritor trabalhou como jornalista. Ele foi repórter, redator de publicidade e exerceu cargos burocráticos como o de diretor da Divisão de Livros Raros da Biblioteca Nacional. Escreveu centenas de crônicas para revistas e jornais. Seu primeiro livro com uma seleção delas, "O cego em Ipanema", foi publicado em 1960.