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Sindicato denuncia descarte indevido na Regap, em Betim | O TEMPO
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Sindicato denuncia descarte indevido na Regap, em Betim | O TEMPO

Entidade afirma que despejo de forma incorreta de nafta, produto altamente inflamável, colocou colaboradores em risco

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Uma denúncia de descarte indevido na Refinaria Gabriel Passos (Regap) em Betim, na região metropolitana de BH, tem preocupado o Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG).

De acordo com a entidade representativa, na semana passada, antes do feriado da Sexta-Feira da Paixão, cerca de 4.000 litros de nafta foram descartados de forma incorreta, sem seguir os padrões de segurança, colocando em risco os funcionários da refinaria.

O diretor do Sindipetro-MG e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Anselmo Braga, explica que a nafta é a gasolina antes de adicionar o álcool. “Depois do gás, é o produto mais perigoso que temos na refinaria, pois é muito volátil e pega fogo rapidamente, sendo difícil de apagar”, disse.

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Segundo ele, 20 tambores, contendo 200 litros do produto, cada, seriam enviados para o Centro de Pesquisas da Petrobras no Rio de Janeiro como uma amostragem para análise.

Porém, como o líquido foi envasado ainda quente, amassou os recipientes e o gerente do setor optou por descartar o material. A forma correta, ele explica, é levar para o setor de transferência e estocagem, onde os tambores seriam drenados para um tanque e o produto seria reprocessado.

“Mas a equipe decidiu fazer de forma insegura. Foi drenado com uma mangueira e descartado em canaletas por onde correm águas de chuva e eventualmente algum óleo. O setor que recebe essa água, por exemplo, sequer foi avisado”, disse.

Essa água que passa pelas canaletas é tratada antes de ser descartada. Conforme ele explica, os funcionários que atuam neste setor também correram risco de receberem um material inflamável sem antes serem avisados.

“Dos meus 20 anos de refinaria, essa foi uma das atitudes mais irresponsáveis que vi acontecer lá dentro”, frisou.

Conforme o diretor do Sindipetro-MG, o manuseio incorreto de nafta foi responsável por um dos acidentes de maior gravidade da Regap. Aconteceu em 1998, quando a nafta foi escoada em uma canaleta e, ao encontrar um ponto de ignição, incendiou provocando a morte de três funcionários e ferindo gravemente uma quarta colaboradora.

Para Anselmo, a refinaria deve tratar do erro para que isso não aconteça novamente. Segundo ele, desde que a estatal instituiu o Programa de Prêmio por Performance (PPP), gratificação recebida pelas unidades em todo o país de acordo com as estatísticas positivas, irregularidades podem vir a ser escondidas para que a refinaria não tenha o recebimento desse valor comprometido.

“O que o sindicato cobra é que esse evento seja tratado para que essa cultura não continue e a gente não venha perder vidas. Só não aconteceu um acidente grave dessa vez por acaso, porque correu-se um sério risco”, disse.

Ele ainda acrescenta que a gerência tem negado o descarte irregular, mas testemunhas confirmam que ele ocorreu. “Estão falando que só descartaram um tambor, mas isso não é verdade. Dois colaboradores, inclusive, se negaram a participar do processo, e outros dois foram coagidos. Cadê as regras de segurança tão faladas dentro da empresa”, questiona.

Reposta

Em nota, a Petrobras confirmou que recebeu as denúncias e que já tomou as providências necessárias. Ainda conforme a estatal, o fato não provocou impactos às pessoas ou à refinaria.

Confira a nota na íntegra:

A Petrobras informa que recebeu a denúncia e tomou as providências necessárias para avaliação do caso. Não foram observados qualquer impacto às pessoas e às instalações da refinaria.

A companhia reforça que possui sistema de drenagem de rede oleosa que funciona de acordo com as normas de segurança, além de contar com recursos, estruturas e equipes dedicadas a prevenção de acidentes e a preservação da vida e do meio ambiente.

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