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DESCOBRINDO PORTUGAL

Portugal é, sem dúvidas, um dos principais países produtores de vinhos. Possui uma grande variedade de uvas autóctones, o que lhe confere vinhos distintos de qualquer outro país produtor.

Viajar pelo mundo da vitivinicultura portuguesa é, sem dúvidas, uma das melhores viagens pelo mundo do vinho. Em todas as regiões, há uma certeza: magníficas paisagens, castas únicas, excelentes vinhos e uma cultura gastronômica aflorada.

Abaixo seguem as principais regiões vinícolas portuguesas.

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Vinho Verde, região dos vinhos brancos, a noroeste de Portugal

A região recebeu este nome por causa da vegetação verde encontrada nas costas locais. Isso acontece devido ao clima frio e chuvoso, influenciado por ventos que vêm tanto do mar quanto do norte. As castas brancas prevalecem por lá, dando origem a vinhos mais ácidos e leves, muito utilizados na gastronomia para harmonizar com peixes e frutos do mar.

A Região demarcada do Vinho Verde está localizada entre os rios Douro e Minho, a noroeste de Portugal. São nove sub-regiões divididas em 48 concelhos (cidades). A região foi demarcada em 1908 e é a maior região demarcada de Portugal. Possui 22 mil produtores e com aproximadamente 18 mil hectares plantados com vinha, ou seja, menos de um hectare por produtor.

A grande vocação da região é a produção de vinhos brancos leves, frescos e às vezes com ligeiro gás carbônico. Em geral vinhos para serem consumidos jovens. Mas há 20 anos surgiu uma nova geração de enólogos que vem mudando esse conceito com novas técnicas de plantio, vinificação e alguns até com amadurecimento em carvalho. O precursor e grande papa dessa nova geração de enólogos é nada menos do que o mestre Anselmo Mendes. Com este seleto grupo alguns vinhos verdes ganharam estrutura, complexidade e grande potencial de guarda.

Na região, se produz espumantes, vinhos brancos (85% da produção), roses e tintos.

Para os espumantes, vinhos brancos, a principal variedade em qualidade é a Alvarinho, principalmente na sub-região de Monção / Melgaço.

Mas não podemos desprezar outras variedades brancas, tipo a Loureiro (a mais plantado da região ), Avesso, Azal e Arinto, que proporcionam vinhos brancos leves, frutados, florais e minerais.

Para os rosés, a variedade principal é a Espadeiro e para os tintos a casta Vinhão é o grande destaque.

Douro, primeira região vinícola demarcada que possui as mais lindas paisagens

A primeira Denominação de Origem de Portugal, a região do Douro é considerada patrimônio da Unesco e é responsável pela produção do Vinho do Porto. O conhecido vinho português fortificado (vinho no qual a fermentação é interrompida acrescentando aguardente vínica) surgiu com a necessidade de conservar a bebida que era destinada à Inglaterra e que precisava percorrer um grande trajeto pelo Rio Douro e pelo Oceano até chegar lá. Com o aumento da popularidade da bebida, surgiu o problema da falsificação, que foi resolvido com a criação da primeira demarcação de origem da história, denominando a verdadeira procedência do Vinho do Porto. Isto aconteceu em 1756.

A região é caracterizada pela paisagem de terraços ao longo do vale do rio Douro, uma forma milenar e bastante eficiente de cultivo. O solo da região é granítico e rico em xisto, o que leva as videiras a criarem raízes profundas, às vezes com cerca de 30 metros de profundidade.

Com bastante vento e sol abundante, a região também produz vinhos brancos e tintos de excelente qualidade, inclusive a primeira safra do famoso Barca Velha foi produzida nesta região, em 1952.

As principais uvas brancas da região são: Viosinho, Malvasia Fina e Viosinho. As tintas são Touriga Nacional (a principal), Tinta Roriz ( conhecida na Espanha como Tempranillo ), Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinto Cão.

Dão, vinhas no coração de Portugal

A região é cercada por montanhas que a protege da influência do Oceano Atlântico. Assim, o clima local se mantém temperado e as montanhas são tão altas que seus picos se cobrem de neve no inverno. Inclusive é de lá, mais precisamente da Serra da Estrela, que vem o famoso queijo português.

Os vinhos do Dão têm bastante personalidade e costumam ser resultados de cortes de castas diferentes e de uvas de diferentes altitudes. A região é o berço da variedade branca Encruzado, que produz brancos estruturados e muitas vezes com passagem em madeira e da tinta Touriga Nacional com seus vinhos complexos, estruturados com excelente equilíbrio e elegância. A outra variedade de destaque e mais plantada para os tintos é a Jaen, que junto com a Tinta Roriz finaliza o blend com a Touriga Nacional.

Bairrada, terra dos vinhos frescos

A Bairrada fica na região litorânea de Portugal, onde o solo pode ser tanto argiloso quanto calcário, com algumas faixas arenosas. Com clima fresco e chuvas abundantes, recebe muita influência marítima, o que pode ser percebido na acidez dos vinhos, ideais para harmonizar com o famoso leitão. A região é muito conhecida pelos seus espumantes brancos, tintos e pelos tintos produzidos principalmente pela uva Baga.

Alentejo, a maior região produtora de vinhos de Portugal

Com 31 mil km² de área, a região é dividida em oito sub-regiões, o Alentejo é uma das regiões mais quentes de Portugal. Além do vinho, ela é conhecida pela sua grande produção de azeite.

A gastronomia do Alentejo é conhecida mundialmente por sua gastronomia típica, com pratos à base de porco, perdizes e carnes de caça. Na produção de vinho, as regiões de Borba, Évora, Redondo e Reguengos são bastante tradicionais, dando origem a vinhos macios e frutados.

As cepas brancas com mais destaques são: Antão Vaz, Fernão Pires, Arinto e Roupeiro. Para as tintas autóctones se destacam as variedades Aragonês ( Tinta Roriz no Douro ), Trincadeira, Alfrocheiro, Alicante Bouchet, Touriga Nacional e as internacionais Syrah e Cabernet Sauvignon.

Tejo, produção vitivinícola tradicional

Localizada próxima ao Rio Tejo, esta é uma das mais antigas regiões produtoras de vinhos de Portugal. É influenciada pelo clima sub-mediterrâneo e pelo próprio Tejo, maior rio do país. A região gera vinhos frutados e de boa (acide ou acidez?) e tintos complexos e elegantes.

As principais uvas brancas cultivadas são a Fernão Pires, Arinto, Verdelho, Sauvignon e Viognier. Para os vinhos tintos, a Touriga Nacional, a Trincadeira e a Castelão, uma das uvas símbolo da região, são as destaques.

Peninsula de Setúbal, terra do licoroso Moscatél

Situada no litoral oeste, a sul de Lisboa, esta região vitivinícola tem um terroir específico para a produção do famoso e tão apreciado vinho licoroso, Moscatel de Setúbal.

O clima é misto, subtropical e mediterrâneo. Influenciada pela proximidade do mar, pelas bacias hidrográficas do Tejo e do Sado e pelas serras e montes, a região tem fracas amplitudes térmicas e um índice pluviométrico entre os 400 a 500 mm.

O Vinho Regional “Península de Setúbal” é produzido em todo o distrito de Setúbal. Já no que diz respeito aos vinhos com Denominação de Origem, temos duas regiões distintas: Setúbal, para a produção do vinho generoso, e Palmela, onde se produzem vinhos brancos, tintos e rosados, vinhos frisantes e espumantes rosados e vinhos licorosos.

As castas brancas para produção dos vinhos brancos são Fernão Pires e Arinto. Para os tintos, a principal da região é a Castelão (no passado apelidada de Periquita), seguida pela Touriga Nacional, Aragonês e Syrah.

Por Dionísio Chaves

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