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VINHO MARROQUINO !?
Eu resolvi abordar sobre os vinhos de Marrocos, porque realmente merecem a atenção de todos e são de muito boa qualidade. Na última semana, tive o privilégio de fazer uma degustação de rótulos incríveis produzidos pelo Chateau Roslane, e o melhor de tudo foi a degustação ter sido conduzida pelo Rayan Zniber, proprietário do Chateau. Para completar a noite após a degustação foi servido um jantar libanês de altíssimo nível, o que abrilhantou ainda mais a noite e os vinhos.
No final da matéria estarei falando sobre cada vinho degustado, mas antes disso vou contar um pouco da história vitícola deste belo país.
Marrocos produz vinho desde a época dos fenícios colonos e ganhou força na era da Roma Antiga. Mas o grande marco no crescimento da viticultura marroquina se deu pelos colonos franceses, em 1912. Inclusive a França na época era a maior importadora de vinhos marroquinos e até hoje é seu principal mercado de exportação.
No norte da África, o país de maior destaque e com grande capacidade de se impor no mercado internacional é, sem dúvidas, Marrocos. Esse atraso vitivinícola se deu com a saída dos franceses depois da independência do país, em 1956. Com os muçulmanos governando, houve um grande declínio na produção, pois o consumo local era praticamente inexistente.
A produção de vinhos é dominada pelo tinto (75% da produção), seguida pelos rosés. As principais variedades de uvas são francesas. As brancas são Clairette, Muscat e Chardonnay, Chenin Blanc e Sauvignon, que vem crescendo.
As principais tintas são Carignan, Cinsault, Grenache com grande aumento na plantação de Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah.
A produção é dividida em cinco regiões vinícolas. Sendo que Meknès possui 60% da produção e Fès os melhores vinhedos, em altitudes em torno de 600 metros que permitem uma boa queda na temperatura durante a noite.
Atualmente são 14 áreas com status de Appellation d’Origine Garantie (AOG). Em 2001, foi criada a primeira Appellation d’Origine Contrôllé para os vinhos da Coteaux de l’Atlas premier Cru. Em 2009, a primeira propriedade aprovada para utilizar a designação Chateau no nome foi o Chateau Roslane, que além de ser uma propriedade vinícola tem um hotel que pertence ao seleto grupo de “ Relais Chateau “.
Abaixo os vinhos que foram degustados:
Dune blanc 2019 (AOG Beni M’Tir) - Branco produzido com as variedades Sauvignon Blanc , Clairette e Muscat. Apresenta uma cor amarelo palha claro com reflexos verdes. Nariz fino com aromas de frutas cítricas, flores e toque mineral. Na boca, é leve, fresco e fácil de beber. Acompanha muito bem saladas, carpaccios, peixes leves grelhados e queijos frescos.
Dune Rose 2019 (AOG Beni M’Tir) - Elaborado com Cinsault e Grenache, esse belo rosé salmon claro possui aromas de morango e cereja. Na boca, é leve, fresco, equilibrado e com fundo de boca seco e muito agradável. Muito bom como aperitivo, comida japonesa e queijos leves.
Dune Cabernet Sauvignon 2019 (AOG M’Tir) - Tinto de cor rubi intenso, nariz muito fino, com aromas de cereja, framboesa e especiarias. Na boca, tem médio corpo, taninos macios, muito bom equilíbrio e fundo de boca atraente.
Zayane Vieilles Vignes 2016 (AOG Guerrouane) - Produzido com a variedade Carignan, apresentou uma tonalidade rubi claro com ligeiros reflexos granada. Nariz complexo, com aromas de frutas maduras, como cassis e mirtilo, ligeiro toque de couro, madeira bem integrada e pimenta branca. Na boca, tem boa estrutura, taninos macios, equilibrado e com fundo de boca aveludado, persistente e muito elegante. Acompanha muito bem carnes de caça, assados, massa com molho de funghi e queijos maduros.
Chateau Roslane Chardonnay 2018 (AOC Coteaux d’ l’Atlas 1er Cru) - Branco incrível, que me remeteu a um Chablis 1er Cru. Boa estrutura, untuoso, fresco, equilibrado, com boa intensidade, persistência e retrogosto marcante e muito elegante. Acompanha muito bem peixes gordurosos, frutos do mar, carne de porco, cabrito e queijos tipo Brie, Camembert e Reblochon.
Chateau Roslane Rouge 2017 (AOC Coteaux d’ l’Atlas 1er Cru) - Elaborado com Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, apresentou uma cor vermelho púrpura, nariz com uma paleta enorme de aromas. Desde notas de frutas negras, especiarias, baunilha, tabaco e mineral. Na boca, é encorpado, com taninos presentes, mas finos. Equilibrado e com fundo de boca longo e harmonioso. Acompanha muito bem um Confit de Canard, Costela de boi assada a baixa temperatura, Paleta de Cordeiro, Filet Mignon com Sauce Bernaise e queijos maduros.
Santé!