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Transplante de útero: nasce 1º bebê fora de testes médicos
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Transplante de útero: nasce 1º bebê fora de testes médicos

Embora cerca de 50 bebês ao redor do mundo já tenham nascido graças ao transplante de útero, isso sempre ocorreu em ensaios médicos

Ciência & Tecnologia

Pela primeira vez no mundo, um bebê fruto de um útero transplantado nasceu sem estar em um programa de testes científicos. Após receber o órgão de uma doadora morta, a americana Mallory (que não teve seu sobrenome divulgado) deu à luz um bebê em maio deste ano.

A história foi revelada nessa segunda-feira (24/7) pela Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, onde Mallory fez seu transplante de útero no final de 2021. Embora seja uma universidade, a mulher não participou de um estudo científico: ela se voluntariou, como pode fazer qualquer pessoa no site da instituição.

A americana nasceu sem útero graças a uma condição genética rara, a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, que ela descobriu ter aos 17 anos. O bebê gerado, no entanto, não é seu primeiro filho: ela teve uma menina com seu marido Nick através de uma barriga de aluguel, feita pela sua irmã.

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“Existem várias maneiras de aumentar sua família se você tiver infertilidade, mas o transplante de útero me permitiu realizar um sonho. Foi lindo ter a oportunidade de engravidar”, disse Mallory ao site da UAB.

O que é o transplante de útero?

Para receber um útero transplantado, a pessoa precisa passar por um processo que leva de dois a cinco anos e que se divide em cinco etapas:

Primeiro, é feita uma geração de embriões semelhante à da fertilização in vitro para garantir a fertilidade mesmo se ocorrerem complicações;

Depois, é feito um transplante em que o útero é retirado de um doador compatível e implantado no receptor;

No mínimo seis meses após a cirurgia, os embriões preparados da doadora são inseridos no útero para avaliar se ele é capaz de gerar um bebê;

A criança nasce por uma cesariana planejada, já que o órgão transplantado não tem as mesmas ligações naturais com a vagina que um órgão biológico. Caso o processo não funcione, é preciso esperar mais seis meses antes de tentar novas gestações;

Por fim, o útero é removido, já que enquanto a paciente o mantiver, deve tomar medicamentos imunosupressores que diminuem a saúde de seu corpo.

“O transplante de útero é o único tratamento médico eficiente para a infertilidade do fator uterino e, apesar da segurança e eficácia, ele atualmente é inacessível a pacientes que não estejam participando de estudos”, diz a diretora do programa de cirurgias da UAB, Paige Porrett.

Ao todo, foram realizados cerca de 100 procedimentos deste tipo no mundo desde que a técnica começou a ser testada, em 2014. Pouco mais da metade dos casos geraram gestações saudáveis até agora.

“Nosso objetivo é tornar este procedimento uma possibilidade acessível para todas as mulheres que querem vivenciar a gravidez e o parto, mas não podem por diversos motivos”, afirma o diretor da faculdade de medicina da universidade, Anupam Agarwal.