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Viagem
Um sábado sem fim
Numa manha de sábado, 17 de Outubro de 2020, eu e minha namorada, acordamos às 7:20 am na cidade de Nova York.
Após uma sexta feira chuvosa, acordamos com um sábado ensolarado mas gelado com uma temperatura de 8 graus em pleno outono.
Nosso Hotel, Hampton Inn da rede Hilton se encontrava no coração de Manhattan, mais precisamente na 220 West 41st Street, NY - na Times Square.
7:30 am, baixamos tomamos um cafe singelo que o hotel oferecia a base de ovos cozidos, cafe, suco de laranja, bagel e cream cheese.
Nossa primeira parada foi a Biblioteca Pública, fechada pela pandemia, tiramos apenas fotos externas. Os dois leões que estão na entrada principal simbolizam a paciência e a força, ali já indicava como seria meu dia.
Em seguida chegamos a Grand Central Terminal, duas quadras da biblioteca, um ponto ícone da Big Appel que está na 42nd Street e a Park Avenue em Midtown Manhattan, um lugar que tem mais de 90 anos e tem 140 pés de profundidade.
De lá, pegamos o metro para Greenwich Village, na 14th Street, na borda se Lower Manhattan e Midtown Manhattan, pra chegar no nosso destino, 66 Perry Street, na famosa escada da série “Sex and the City” onde uma das personagens, Carry morava, rua charmosa, arborizada caminhamos 20 minutos até lá!
Nessa altura, os pés já começavam a dar sinal de falência.
Após esse destino, paramos para um café e um chá, onde encontramos um uruguaio que morou em Porto Alegre mas preferiu se instalar em NYC, mas se pudesse voltaria pelo povo gaucho. Ele nos indicou uma estação mais perto, 10 minutos, apenas duas quadras, o que os pés agradeceram.
De lá, fomos para o meio do Central Park, no Loeb Boathouse, mas isso precisaríamos descer na estação de 79 Street, caminhar 35 minutos ou pegar um taxi. Dessa vez, quem mandava eram os pés e pegamos um taxi que levou 8 minutos. O taxista, um grisalho novaiorquino raiz, disse que a pandemia derrubou seu negocio, entre os meses de março a setembro e que o Presidente Trump perderia pra ele mesmo fazendo Biden o novo mandatário americano. Ele também disse que tudo na vida é uma questão de percepção, ou seja, o olhar de um, não é olhar de outro. Nos fez refletir a mensagem que queria nos passar.
Desembarcando numa das entradas do Central Park, nos despedimos do simpático senhor, ele descobrindo que éramos brasileiros, nos revelou que tinha uma paixão pelo samba e pela bossa nova.
Dali, caminhamos seguindo tirando fotos, por mais 15 minutos até encontrar o Boathouse Café também fechado pela pandemia.
Muitas pessoas, famílias, crianças, cachorros, todos mascarados (menos os cachorros) caminhando e curtindo aquela manha gelada e ensolarada pelo Central Park com uma fria brisa no rosto.
Após alguns minutos de “descanso” nosso próximo objetivo era chegar na 5 Avenida com a 67 Street, ponto de onde sairía nosso ónibus, aqueles de dois andares, que turistas apanham vento na cabeça se optar em ficar na parte de cima, para irmos até a parada 17, mais precisamente no Port Authoroty que fica na 8th Ave entre a 42nd Street e a 43rd Street.
Nessa altura precisávamos um banheiro, mas pra isso, usar o “restrooms” de um restaurante, precisa comprar algo. Compartimos um wrap de frango com molho ceasar. Já aliviados, chegando lá, nos deparamos com uma fila imensa de turistas aguardando o proximo ônibus, resolvemos então pegar o metro, pois nosso novo destino seria o Brooklin, ou seja, do outro lado de Manhattan.
Da Times Square até a estação Clark Street já no Brooklin levou pouco tempo, melhor que estar na fila esperando o ônibus, o que nos custou $ 6 dólares.
A vista do Brooklyn para Manhattan é algo espetacular, banhado pelo East River onde de longe se vê a estatua da Liberdade. Caminhar, caminhar e caminhar. Mas caminhar mesmo, foi quando decidimos atravessar a Ponte do Brooklyn destino Manhattan.
Atravessar a Brooklyn Bridge é quase que um passeio obrigatório na ponte que tem mais de 137 anos.
No meio do caminho encontramos o resumo da população mundial, árabes, chineses, turcos, brasileiros, japoneses além de diversas figuras como noivos, artistas, fotógrafos e maconheiros que por sinal eram bem simpáticos. O baseado rolava solto e a turma era divertida e compartilhada com ciclistas que tiravam um fininho de todos pedestres.
O ranger da madeira na passarela pra pedestres e ciclistas me fez lembrar dos 21 elefantes que passaram pela ponte quando disseram certa vez que ela iria colapsar e pessoas morreram de pânico na época, mas nem isso fez parar de trancar o salto das noivas no meio das brechas de madeira que lá estavam para fotos históricas.
Até chegar do outro lado, uma longa caminhada com diversas fotos da magnificência daquela estrutura e a vista espetacular que a cidade oferece.
Já chegando no final da ponte tem a opção de ir a Chinatown ou para o Financial District, mas precisamente Wall Street. As pernas já pediam socorro. Após decidirmos ir ao encontro do memorial do 9/11, duas quadras adiante, Deus fez aparecer o nosso ônibus, aquele vermelho que havíamos desistido da fila. Corremos pra pegar e nos levou 6 quadras até chegar no búfalo de bronze, símbolo da agressividade e coragem de quem aplica na bolsa de valores. Pra nós, após tirar a tradicional foto com as mãos nos culhões daquele símbolo, já nos dava ânimo pra seguir adiante pois tudo era espetacular.
De lá, mais 15 minutos até chegar no triste memorial dos mortos do atentado de 9/11, tudo isso misturado com a vista dos novos prédios WTC e a magnífica estação Oculus que foi inaugurada em 2016 de forma silenciosa mas a mais cara do mundo, verdadeira obra de arte. Mais fotos, naquele momento, queria me jogar no chão pois as pernas não respondiam. Sentamos num bloco de concreto pintado de forma pitoresca pra planejar o próximo destino. Já incluso no preço do ônibus turístico, havia um passeio de barco, que saía do Píer 36, “apenas 37 minutos caminhando de lá”. Quando fui conferir a hora das saídas, o último barco havia partido às 4 pm, já era 4:50 da tarde. Meus pés sorriram.
Naquela altura, a briga entre os pés e o estômago já era grande. O dilema era Little Italy pra comer uma massa ou Soho.
Óbvio que ganhou Soho, que é uma abreviação para South of Houston, também é um trocadilho com o bairro Soho, de Londres. O restaurante Antique Garage, nos surpreendeu com o melhor kebab e tempero de NYC. (Vale muito a pena). Já eram 7:30 pm, mais uma caminhada pra pegar o metrô após a janta para Uptown. Dessa vez, nosso destino era a 46th Street entre a 7 Av e a 8 Av, de onde sairia 8:30 o passeio noturno pela cidade. Um novo panorama, uma explosão de luzes que começa na Times Square, energia gasta lá, seria suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes, um dos poucos pontos do planeta que os astronautas conseguem identificar do espaço. Uma noite iluminada, já com os pés virado em porongos, já chegando de volta ao ponto de partida, não podíamos encerrar sem comer o tradicional cheese cake e o bolo “red valvet” às 11 horas da noite.
Não importa se os pés doem, se surgem as bolhas, se as costas reclamam, se as pernas não se sentem mais. Quando se está na melhor companhia do mundo, tudo vale a pena.
Até a próxima NYC, “we love you”!
E.K.