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Esportes

O sucesso do Flamengo e o problema do brasileiro com o sucesso

O ano avassalador do Flamengo não foi fruto do acaso. Aliás, de maneira geral, todo sucesso é produto final de muito esforço, dedicação, empenho e determinação. Quem acompanha a jornada do clube desde o início da sua remodelação, sabe que o Rubro-Negro carioca precisou fazer grandes sacrifícios para chegar onde chegou. Faltava dinheiro, faltava estrutura, faltavam talentos, mas nunca faltou trabalho, planejamento e grandes objetivos.

Não é de se estranhar que um trabalho bem feito tenha gerado resultados positivos. Boa parte da imprensa brasileira e das pessoas consegue entender que esse foi o fator primordial para as conquistas do Clube. Estranho é que exista tanta gente tentando encontrar mecanismos de frear esse avanço propondo a criação de limites, regulações e barreiras de proteção, com o argumento de evitar uma possível “espanholização” ou “bundesligação” do campeonato brasileiro. Já que o intuito é a busca por deixar o evento competitivo, o mais coerente seria incentivar as mesmas práticas positivas nos outros clubes para tornar a disputa mais interessante e atrativa.

Embora os índices de produtividade apontem que o brasileiro está entre os povos menos produtivos do mundo, não se pode afirmar que as pessoas por aqui não trabalhem muito para levar o sustento para suas casas. Existem questões fora do fator humano, como infraestrutura, logística, educação e tecnologia que interferem nessa medição. O problema do brasileiro não é com o trabalho, nem com o valor do trabalho, é com o sucesso.

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Existe algo entranhado na cultura da massa do nosso povo que faz com que todo sucesso seja alvo de retaliação. Pessoas e empresas bem sucedidas por aqui geralmente ganham da opinião pública algum carimbo feio para macular a legitimidade do processo que culminou no sucesso. É como que para isso acontecer, sempre houvesse a necessidade de se obter vantagens ilícitas, de trapacear ou de ter algum tipo de favorecimento pouco ortodoxo.

Esse pensamento faz, por exemplo, com que a imprensa, que vive das massas, se utilize desse tipo de discurso na busca de mais audiência, gerando um ciclo vicioso que prejudica muito o ambiente produtivo e competitivo em nosso país.

A busca doentia pelo equilíbrio através do enfraquecimento do bem sucedido ao invés do fortalecimento dos que estão em uma condição inferior, leva a discursos acalorados que pregam desde a interferências nas relações comerciais privadas, como distribuição igualitária das cotas de TV e proibição de negociações de mando de campo, até a criação de teto para gastos com jogadores e limitação dos valores dos ingressos.

Talvez esse momento do Flamengo que é, definitivamente, um clube de massa, possa ajudar na mudança do pensamento das pessoas a ponto de elevar o nível do Brasil juntamente com o do futebol.


Tags: Flamengo, Política, Economia, Campeonato Mundial