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EUA: o neofascismo perde seu farol
operamundi.uol.com.br

EUA: o neofascismo perde seu farol

Derrota de Trump não pode ser ignorada: abriu-se brecha para lutar por mudanças antineoliberais. Conseguiremos aproveitá-la?

Opinião

Na recente eleição nos EUA, muito mais importante do que a vitória de Joe Biden foi a derrota de Donald Trump. Por um motivo evidente: o impacto desse evento, tanto no plano mundial quanto na América Latina, em especial no Brasil, se fará sentir em todos os âmbitos das sociedades (na economia, na política, na cultura etc).

Desde 2008, a partir da avassaladora crise geral do capitalismo e da democracia liberal (que já vinha dando sinais de falência muito antes), a extrema direita ganhou a cena nos quatro cantos do mundo: autoritarismo político, defesa radical do “livre mercado”, certo tipo de nacionalismo, xenofobia (contra os imigrantes), racismo, misoginia, homofobia, fundamentalismo religioso, valores culturais e morais pré-modernos, negacionismo do conhecimento científico-especializado e da gravidade de eventos como a crise climática-ambiental e a atual pandemia, culto a um passado idealizado (que nunca existiu) e ódio generalizado contra o “outro”. Em suma, belicosidade, violência, intolerância, “teorias da conspiração” e a prática de mentir despudoradamente em todas as esferas da vida política e social - que contaminou todas as relações sociais, fraturando até mesmo amizades e o convívio no interior das famílias.

No plano mundial, a expressão maior dessa nossa realidade tóxica se corporificou em Trump e no seu governo. Um sujeito polêmico em toda a sua trajetória de bilionário, celebridade e posicionamentos políticos contraditórios, tendo acumulado inúmeros processos nos mais distintos âmbitos de sua vida (na esfera familiar, como empresário e no exercício profissional na mídia); mas que conseguiu submeter o Partido Republicano e empurrá-lo ainda mais para a direita, dele se apropriando e transformando-o em instrumento de seu narcisismo, de sua megalomania e, principalmente, de seus valores e crenças reacionários e de extrema direita. Como todos os fascistas, do passado e do presente, cristalizou a sua falseada imagem como um personagem outsider, antissistema e antiestablishment, apesar de ter construído toda sua vida no seu interior.