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Opinião

Parler desiste da App Store após insistência da Apple em exigir métodos de “controle” de conteúdo

Após a insistência da Apple em exigir que os desenvolvedores implementassem soluções para censurar conteúdo, sob o argumento de proteger os usuários, o Parler parece ter decidido definitivamente por não publicar mais seu app na App Store.

Esta coreografia de Big Techs, entre elas Apple e Twitter, vem se desenrolando há quase um ano e, ao que parece, elas não pretendem arredar o pé. É fácil manter uma posição dessas enquanto o maior prejudicado, o usuário, não se manifesta.

O Parler acabou marcado a ferro pelo incidente no Capitólio, nos EUA, enquanto sua única “culpa” foi ter permitido que as pessoas usufruíssem de sua liberdade de expressão. Como consequência, os servidores decidiram não hospedar mais o site da empresa, lojas de app oficiais baniram o aplicativo, demissão do CEO... Um show de exageros. E a punição não atingiu somente a empresa. Esse movimento coreografado retirou de centenas de milhares de usuários seus oásis de liberdade, sob a cínica alegação de que é “para o nosso bem”. Oras bolas, para o meu bem eu que decido se algo é bom ou não. Os mecanismos justos para controle dos excessos existem desde sempre: o sistema judicial (previsão do que é crime ou não) e as forças de segurança. Não se fazem necessários paladinos pixelados se metendo nos direitos individuais. Mas seria ingenuidade acreditar que essa discussão está meramente no âmbito da política “empresarial”, por assim dizer...

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E como em qualquer outra discussão ou disputa, quando a política “política” - relativa a partidos e ocupantes de cargos nos poderes públicos de um país - se envolve, passa a existir o risco de direitos e garantias serem atirados pela janela em nome de algum projeto de poder. Foi nesse cenário em que o Parler se viu envolvido e se tornou alvo. Sendo usado, inclusive, como uma espécie de contra-peso - contaminado pelas circunstâncias infelizes do incidente no Capitólio - para validar a censura praticada pelo Twitter, que àquela altura já vinha bloqueando postagens de Trump ou de qualquer outro usuário que ousasse usufruir de sua liberdade de expressão falando de assuntos contrários aos interesses políticos da empresa.

Eu ainda alimento uma ingênua esperança de que esse quadro se reverterá. 
Mas como não chegamos até essa situação do dia para a noite, não será do dia para a noite que sairemos.

Infelizmente, tempus fugit! O que quer dizer “estou velho”, na minha tradução livre. 
Espero viver para ver isso sendo desfeito.

Tags: Parler, Liberdade, Apple, Twitter