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Cultura & Entretenimento

Após incêndio em apartamento, morre o diretor Zé Celso

O ator, diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, em São Paulo, depois de sofrer graves queimaduras em um incêndio na manhã da última terça (4) no seu apartamento, no bairro do Paraíso, na Zona Sul da capital paulista. A informação foi confirmada pelo ator Pascoal da Conceição, amigo de Zé Celso.

Nascido em Araraquara, Zé Celso foi criado em uma família de sete filhos por uma rigorosa mãe descendente de espanhóis, de sangue quente, e um pai dócil, amante dos livros e do cinema, que o levava na infância para ver os filmes.

O futuro garantido passava pela advocacia e, em um primeiro momento, o rebelde Zé Celso acatou uma tentativa de estabilidade profissional. Mas foi na faculdade do Largo do São Francisco que tudo começou, ao ele frequentar o Centro Acadêmico 11 de agosto e cruzar com dois colegas de faculdade, o carioca Renato Borghi e o mineiro Amir Haddad, que, junto dele, fundariam o Teatro Oficina.

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Os primeiros textos montados foram Vento Forte para Papagaio Subir (1958) e A Incubadeira (1959), de fortes tintas biográficas. Em 1963, o grupo conheceu o seu primeiro grande sucesso com Pequenos Burgueses, peça do dramaturgo Máximo Gorki que estabelece um diálogo entre a Rússia anterior à revolução e o Brasil às vésperas do regime militar.

A consagração se deu no mergulho do universo brasileiro e antropofágico do escritor Oswald de Andrade. O Rei da Vela, peça escrita pelo modernista em 1937, permanecia inédita nos palcos e foi encontrada por Borghi em um antigo livro que mofava na estante.

A peça estreou em 29 de setembro de 1967 e detonou a explosão tropicalista que tinha começado a ser desenhada pelo filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, lançado em maio, e atingiria o público da música em 1968 com o disco Tropicália ou Panis et Circenses, capitaneado por Caetano Veloso e Gilberto Gil.

SOBRE O INCÊNDIO

Zé Celso estava internado desde a última terça-feira (4) quando o apartamento dele pegou fogo e ele teve 53% do corpo queimado. A suspeita é que um aquecedor elétrico no quarto teria causado o incêndio.

O diretor foi levado para o Hospital das Clínicas, também na capital paulista, onde ficou internado. O dramaturgo teve queimaduras nos membros superiores, inferiores e no rosto.

O boletim de ocorrência do caso apontou que Zé Celso morava no apartamento que pegou fogo e, na unidade ao lado, vivia Marcelo Drummond, companheiro do dramaturgo. Apesar de serem autônomos, os imóveis são conectados por uma porta. Ricardo Bittencourt e Victor Rosa, amigos de Zé Celso, também moram nesses dois apartamentos.

*Com informações AE