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Copom e Fed decidem taxa de juros; entenda o que é a "superquarta" do mercado | O TEMPO
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Copom e Fed decidem taxa de juros; entenda o que é a "superquarta" do mercado | O TEMPO

Previsões indicam manutenção da taxa Selic em 13,75% e leve alta nos juros norte-americanos

Economia

Na tarde desta quarta-feira, dia 1 de fevereiro, nos Estados Unidos, está marcada a divulgação da taxa de juros norte-americana e o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). Aqui no Brasil, também hoje, está marcado o fim da reunião do Comité de Política Monetária (Copom), do Banco Central. Por isso, esse dia é conhecido no mercado como "superquarta".

Na última reunião do FOMC (comitê de política monetária do Fed), em 12 de dezembro, houve aumento da taxa de juros em 0,50pp. Com esta decisão, o limite superior da taxa dos Fed Funds aumentou para 4,5%, entrando em território ainda mais restritivo. Com juros altos nos EUA, os investidores acabam migrando para lá, principalmente de olho em títulos federais, fundos de investimentos e títulos de dívidas de empresas privadas. Isso prejudico economias mais fragilizadas, como a do Brasil.

Nesta “superquarta”, 01/02, o Banco Central (BC) decide os rumos da taxa básica de juros "emparedado" entre o forte aumento das expectativas de inflação e as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros ao atual patamar da Selic, índice que baliza todos os empréstimos. Lula também já reclamou publicamente da atual meta de inflação, que considera baixa. Entre economistas consultados pela reportagem há consenso sobre a manutenção dos juros básicos em 13,75% ao ano. Eles também esperam que o comunicado que será emitido após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reforce a preocupação com os rumos da inflação e com a sustentabilidade das contas públicas, enquanto cresce a cobrança para que o governo implemente um programa de corte de gastos públicos.

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Nas últimas semanas, o mercado tem divulgado projeções de alta nos preços. Para economistas, trata-se de uma "inflação contratada", o que deve obrigar o BC a manter a Selic em patamares elevados por um período maior do que o previsto - e sem descartar a possibilidade de novos aumentos. Expectativas de inflação mais altas fazem os investidores exigirem taxas de juros maiores, impactando o custo de captação de empresas e do governo. Além disso, juros básicos altos encarecem o crédito e inibem o consumo da população.

No Boletim Focus desta semana, usado como uma variável no modelo de inflação do Copom, as estimativas do mercado para o IPCA continuaram se distanciando das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A estimativa para 2023 subiu pela sétima vez seguida, saltando de 5,48% para 5,74% (quase um ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,75%), enquanto a projeção para 2024 foi de 3,84% para 3,9%.

Desvio

Com o aumento das expectativas de inflação e um resultado pior no IPCA-15 de janeiro (que subiu 0,55%), o economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, passou a projetar o início da queda da Selic só para setembro, e não mais em agosto, com a taxa terminando 2023 em 12,50%, e 2024, em 9%. O economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Souza Leal, disse apostar em uma Selic a 12,25% no fim do ano. Já o economista João Fernandes, sócio da Quantitas Asset, prevê que os juros devem ficar em 13,75% durante 2023, com um corte só no primeiro semestre de 2024.

Segundo Fernandes, o Copom deve trazer em seu comunicado alertas relacionados à política fiscal, vetor que também tem provocado a piora das expectativas inflacionárias. "O BC já deixou claro que o ambiente mais adverso no âmbito fiscal pode afetar a política monetária", disse Fernandes. "O Copom já vem mostrando um tom de bastante preocupação. A tendência é de manutenção desse discurso, sem implicações para a trajetória de política monetária."

(Com Agência Estado e Folhapress)