BACK
Política

Deltan desiste de recurso e diz que “não há justiça no Supremo”

O deputado cassado e ex-procurador da República Deltan Dallagnol (Podemos-PR) anunciou, nesta segunda-feira (18), que não vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar recuperar o mandato. Em um trecho da nota compartilhada com a imprensa para comunicar a decisão, o ex-parlamentar disse que “não há justiça no Supremo”.

– Eu seria julgado pelos mesmos ministros que cassaram meu mandato em um exercício de futurologia e pelos mesmos ministros que mataram a Lava Jato – declarou.

Ao abrir mão do recurso, o ex-chefe da Operação Lava Jato também renuncia a um retorno à vida política nos próximos oito anos. Isso porque, além da cassação, ele ficou inelegível. Dallagnol foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Clique para continuar lendo

Os ministros usaram como base para a decisão o trecho da Lei da Ficha Limpa que proíbe magistrados e membros do Ministério Público de pedirem exoneração para disputar eleições se tiverem processos administrativos pendentes.

O TSE entendeu que Dallagnol se desligou do Ministério Público Federal com quase um ano de antecedência da eleição, antevendo que os procedimentos disciplinares a que respondia poderiam colocar em risco sua futura candidatura.

O último recurso no TSE foi negado na semana passada. Dallagnol ainda poderia acionar o STF, mas chances de vitória eram consideradas pequenas. O Supremo tem maioria contra a Lava Jato, ala encabeçada pelo ministro Gilmar Mendes, desafeto do ex-deputado.

Além disso, os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Kassio Nunes Marques, que votaram pela cassação do registro de candidatura e inelegibilidade do deputado no Tribunal Superior Eleitoral, também participariam de um eventual julgamento no STF.

Em sua carta aberta, o ex-procurador sobe o tom contra o Supremo. Ele lança dúvidas sobre a “credibilidade” do tribunal e acusa a Corte de tomar decisões “cada vez mais arbitrárias”.

– Quem deveria proteger a Constituição e a democracia a ataca e mina de dentro. Ministros do Supremo que se diziam garantistas para aliados do poder se revelaram punitivistas para quem consideram adversário do sistema – completou Dallagnol.

*AE