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Opinião

É o filho do Fufuca, pode confiar no Fufuquinha

Por Mario Sabino

Ana Moser viu com “tristeza e consternação” a sua saída do Ministério do Esporte. Ela foi substituída por André Fufuca, deputado do Centrão.

Não consigo falar ou escrever “Fufuca” sem experimentar sentimentos opostos aos de Ana Moser. Ele também é conhecido como “Fufuquinha”, porque o seu pai é o Fufuca original, o Fufuca Dantas, político do PP do Maranhão, assim como o rebento.

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No caso do pai, o apelido substituiu o nome, Francisco; no caso do filho, o apelido virou sobrenome de guerra, para indicar a genealogia: vote no Fufuca, é o filho do Fufuca, pode confiar no Fufuquinha.

Quando o jovem André Fufuca assumiu a presidência interina da Câmara, naquele Brasil longínquo de 2017, ele virou objeto de memes, por causa das bochechas rosadas e do seu Fufuca com irrisão onomatopaica (fon-fon), aliterativa ( a repetição do f) e assonante (a repetição do u).

Além do mais, Fufuca tem o f mais o u de “futrica” e de “fuxico”, e basta trocar o fu-fu para fo-fo, para virar “fofoca”. A fofoca do Fufuca, o Fufuca da fofoca. Afora que dá para futucar o Fufuca.

Diante das memes e de outras gozações, colegas saíram em sua defesa. Um deles foi Orlando Silva, do PCdoFuB, que cometeu a inexplicável comparação hiperbólica:

“Quando vejo provocações com relação ao seu apelido, me lembro de grandes brasileiros. A começar de Edson Arantes do Nascimento, que é mundialmente conhecido pelo seu apelido. Pelé, o rei do futebol. Essas provocações devem ser levadas com serenidade, bom humor, alegria e espero que essa seja a marca da sua atividade no dia de hoje.”

A inexplicável comparação hiperbólica teve certo grau de premonição, reconheçamos: Fufuca se tornaria ministro do Esporte, da mesma forma que Pelé o foi, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

O Fufuca, parece, é o nome que se dá à mistura de farinha com açúcar em algum rincão brasileiro. Mas, segundo li na internet, pode ser também interjeição de espanto, surpresa ou contrariedade, não sei se no mesmo rincão brasileiro. Seria equivalente a “eita”, “não é possível” e até mesmo “carai”. Dou exemplos:

“André Fufuca virou ministro dos Esportes? Fufuca!”

“André Fufuca era apadrinhado de Eduardo Cunha, carrasco de Dilma Rousseff? Fufuca!”

“André Fufuca votou pelo impeachment da petista e agora é ministro de Lula? Fufuca!”

“O pai de André Fufuca foi alvo de processo por trabalho escravo? Fufuca!”

“O patrimônio de André Fufuca aumentou 670% desde 2014? Carai! (Fufuca é pouco.)

Serenidade, bom humor, alegria. Não há motivo para tristeza e consternação.