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Opinião

Relação siamesa entre o PT e o PCC

A revelação de trechos de diálogos entre membros do PCC, que sugerem uma proximidade entre a organização criminosa e o partido político, deixou parte da opinião pública estarrecida. Por que apenas parte? Porque, depois de tudo que já se viu nesta vida, o que menos choca é a relação siamesa entre esquerda e criminalidade.

O pensamento revolucionário há muito se irmana com os desvalidos do mundo do crime.

Foi num 14 de julho, o ano era 1789, que o povo em fúria em Paris se dirigiu à

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Bastilha (prisão), que abrigava milhares de marginais. Foram todos libertos, e os guardas, decapitados. Os mentores? Os revolucionários de então. Ali se iniciava um morticínio infindável naquilo que ficaria conhecido como a Revolução Francesa, um dos marcos históricos essenciais para entendermos o pensamento esquerdista. E como toda boa revolução, a francesa não seria diferente, acabaria devorando também seus

líderes.

Lenin dizia que "o melhor revolucionário é um jovem desprovido de toda moral".

O pensamento revolucionário há muito se irmana com os desvalidos do mundo do crime.

Membro da Escola Frankfurt, Herbert Marcuse, guru da Contracultura Americana (movimento Hippie; paz e amor; faça amor, não faça guerra, Flower Power...), entendia que proletários urbanos e campesinos precisavam ser substituídos por outra categoria, o lumpemproletariado, composto, entre outros grupos, por ladrões, traficantes e desajustados..

No Brasil do final dos anos 60, sob influência do ideário artístico da Marginália, resumido na bandeira "seja marginal, seja herói" (Hélio Oiticica), a cumplicidade macabra entre política e banditismo ganha força nas celas do presídio de Ilha Grande (RJ), quando terroristas treinados em Cuba, China e Coreia do Norte passaram a ensinar a bandidos comuns táticas de guerrilha. O resultado disso foi o surgimento do crime organizado, que produziu quadrilhas como o Comando Vermelho e, mais recentemente, o PCC.

De lá para cá, a bandidolatria só fez crescer entre as classes falantes. Foi assim no cinema, nas novelas, na literatura, nas artes em geral. Também foi e o é no meio acadêmico e na política. Não faltam exemplos, e os transgressores são sempre dotados de sentimentos românticos, são corajosos, idealistas. São os frutos das teorias gramscistas e frankfurtianas.

Saindo do campo das ideias e partindo para a práxis (ação), encontraremos uma profusão de demonstrações de carinho com os despossuídos fora da lei. Ficaremos apenas no Brasil.

Saindo do campo das ideias e partindo para a práxis (ação), encontraremos uma profusão de demonstrações de carinho com os despossuídos fora da lei. Ficaremos apenas no Brasil.

Em 13 de abril de 1998, José Dirceu, então presidente do PT, assina uma nota declarando apoio aos sequestradores de Abílio Diniz, pois se trataria de crime político.

O então senador petista Eduardo Suplicy também se manifestou individualmente, pedindo ao empresário - que passara seis dias como refém num cubículo no subsolo

- que perdoasse os pobres-diabos dos terroristas brasileiros e estrangeiros.

Cesare Batisti, terrorista italiano com quatro homicídios nas costas, também foi acalentado. Em 2007, recebeu status de refugiado político de Tarso Genro, ministro da Justiça. Em 2010, Lula, em seu último dia de mandato, concedeu asilo político ao italiano. O STF deferiu habeas corpus por entender a decisão de Lula soberana.

Somente em 2018, o ministro Luiz Fux cassou uma liminar que impedia qualquer prisão. Capturado em novembro, foi finalmente extraditado para seu país de origem.

Eduardo Suplicy (sempre...) pediu um novo julgamento, mas foi ignorado.

Em 2015, a presidente Dilma Rousseff entrou em embate diplomático com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, em defesa de dois brasileiros condenados a pena de morte por tráfico internacional de drogas, conforme a lei daquele país. O pedido da presidente petista não foi acatado, e os dois traficantes foram executados mesmo ano.

Com o passar do tempo, a vergonha vai sumindo e, na concepção comunista, a vítima é sempre a culpada. Vejamos:

O blogueiro ativista Leonardo Sakamoto entende que "ostentação em um país desigual como o nosso deveria ser considerado crime. (...) Ostentação é mais do que um bulling entre classes sociais. É agressão, um tapa na cara." E complementa com a pérola: "Mais do que uma escolha pelo crime, a opção de muitos jovens pelo roubo é uma escolha pelo reconhecimento social."

Em 2003, a escritora e colunista (Folha de S. Paulo e Caros Amigos) Marilene Felinto, irritada com a exposição do caso em que o menor Champinha e seus comparsas mataram os jovens Liana Friedenbach e Felipe Café de forma hedionda, soltou: "O ódio de classe? quem já conviveu com jovens pobres de favelas e periferias conhece esse sentimento. Tudo destoa, humilhando-os, provocando neles desprezo e raiva: a aparência física, a roupa, a escola, a comida, o carro, o jeito, o hospital, o tratamento policial, o enterro." (em A Morte da Menina Rica e o Ódio de Classe)

A filósofa petista Márcia Tiburi (a mesma da teoria do "cu laico") descreve sua visão sobre o assalto: "Tem uma lógica no assalto. Eu não tenho uma coisa que eu preciso (sic), eu fui contaminado pelo capitalismo..

Se analisarmos muitas pautas do ideário esquerdista, concluiremos que são de interesse do mundo do crime. Exemplos:

• A esquerda é contra a redução da maioridade penal. Os bandidos usam menores de idade nos crimes para que respondam pela conduta, já que são inimputáveis.

• A esquerda é contra a flexibilização do Estatuto do Desarmamento. Os criminosos agradecem porque o cidadão comum, que cumpre as leis, permanece desarmado enquanto a bandidagem, que não sabe o que é lei, permanece à vontade para matar sem resistência.

• A esquerda defende a descriminalização das drogas, os traficantes soltam fogos, porque mais jovens certamente consumirão ainda mais drogas, aumentando ainda mais o lucro do tráfico, que não acabará com a legalização. Além disso, a droga cria um exército de zumbis que não estudam, que são insatisfeitos com o mundo porque não têm nada e nunca terão, pois vivem na brisa. Logo, serão cabeças vazias à espera da ladainha revolucionária.

• A esquerda é a favor da desmilitarização das polícias, o que é muito bom para os bandidos, haja vista que, neste cenário de caos em que vivemos, o modelo de emprego militar ainda é o mais efetivo no combate direto ao crime organizado. Vimos o que aconteceu em casos de greves de polícias militares em alguns estados.

• A esquerda lutou para desidratar a Lei Antiterrorismo. Em 2016, Dilma a sancionou com oito vetos, o que descaracterizou diversas condutas tipicamente adotadas pelos chamados "movimentos sociais". Ou seja, grupos violentos e criminosos como o MST ou os black blocs continuam livres para quebrar, incendiar, invadir.

O Brasil relega a miséria às vítimas e indeniza guerrilheiros e seus familiares;

permite visitas íntimas a assassinos; concede saídas temporárias a filhos que matam pais, pais que matam filhos e esposas que esquartejam maridos; decreta indulto a criminosos de colarinho branco; nas audiências de custódia, liberta presos que atiram em policiais e criminaliza policiais que reagem a tiros.

É neste país que o PT alcançou a Presidência da República outra vez.

Após conquistar o poder, foi aos poucos se espraiando, fazendo outros presidentes na América do Sul (via Foro de São Paulo, aquele encontro nefasto de partidos de esquerda, grupos terroristas como o MIR e as FARC, além de outros simpatizantes) e se metendo em buracos nada republicanos.

Com o tempo, a relação com o crime deixou de ser apenas de admiração e apoio para tornar-se um empreendimento. Vieram o Mensalão e o Petrolão, maiores esquemas de corrupção até hoje no mundo. Seus líderes foram sendo descobertos e presos, um a um. Uma presidente teve o mandato cassado, um presidente foi para trás das grades e libertá-lo tornou-se o único projeto do partido.

Se alguém duvidar da paixão correspondida entre PT e o crime, basta consultar o resultado da votação presidencial em 2018 aferida nos presídios brasileiros onde presos puderam votar. Bolsonaro teve 17,53%; Haddad, 82,47%.

No primeiro turno das eleições de 2022, a maioria dos internos do Sistema Penitenciário do Distrito Federal e das unidades para menores infratores votou para presidente da República no candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele recebeu, no total, 251 votos, contra 119 de Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.

Diante de tudo isso e dos áudios revelados das conversas entre traficantes, não posso afirmar que o PT possui relações com o PCC, mas tenho todo o direito de desconfiar.

Dimas Mecca Sampaio.