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Renan Calheiros é hoje uma espécie de editor-chefe do noticiário político brasileiro – Jovem Pan
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Renan Calheiros é hoje uma espécie de editor-chefe do noticiário político brasileiro – Jovem Pan

Requerimento contra a Jovem Pan foi um ato de intimidação grosseiro, claramente destinado a calar os jornalistas que não aceitaram submeter seu trabalho aos desejos dos…

Opinião

O presidente Jair Bolsonaro, entre outros altos crimes e coisas do mal, praticou – imaginem só uma coisa dessas – “464” atos de agressão explícita à imprensa, aos jornalistas e à liberdade de expressão no Brasil desde que assumiu o governo. Isso mesmo: 464, nem um a menos. É o que foi publicado na mídia, com todos os adereços de coisa séria, científica e indiscutível. (O número de infrações vem de uma ONG que diz verificar como está, presume-se que em tempo real, a situação das liberdades através do mundo. No Brasil, particularmente, ela se declarou a favor do incêndio na estátua do Borba Gato, em São Paulo, e estima que a vereadora Marielle é a semente da “transformação política” do país. Esses detalhes não foram publicados pela mídia; só se divulgou os “464 atentados” do presidente contra o direito à livre expressão.)

É curioso: porque ninguém havia notado até então, a começar pela própria mídia, uma perseguição deste tamanho? Tudo bem que o presidente, como se ouve todos os dias na oposição de esquerda, socialdemocrata e liberal-centrista-equilibrada, é genocida, totalitário e está agindo para dar um golpe de Estado; fala-se tanto nisso e em outras coisas do mesmo gênero, que ninguém discute mais o assunto. Mas “464 ataques” contra a imprensa? Quais seriam? Só agora foram fazer a conta? Não vale dizer que Bolsonaro fala mal da mídia e dos comunicadores todas as vezes que tem uma oportunidade, e mesmo quando não tem – os comunicadores e a mídia fazem a mesma coisa, ou muito pior, em relação a ele. Isso aí não é atentado nenhum aos jornalistas ou à liberdade de imprensa – é apenas uma questão de opinião, de parte a parte, e está amplamente dentro dos limites do direito de expressão.

Esta é a única participação do “público” na história toda: pagar

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Vale menos ainda ficar chorando, dia sim dia não, sobre o corte das verbas publicitárias que o governo federal costuma pagar aos órgãos de imprensa, com a desculpa mútua de que “estão sendo prestadas contas” ao público – ele, governo federal, mais os governos estaduais e municipais, onde a farra continua à toda. Esta é uma das mentiras mais lamentáveis na história dos órgãos de comunicação deste país. Ninguém aí jamais pensou em prestar conta nenhuma; é uma pura operação comercial na qual os governos transferem dinheiro do bolso público para o bolso particular dos donos dos veículos de imprensa, com o objetivo exclusivo de comprar a sua simpatia ou, pelo menos, a sua neutralidade. Esta é a única participação do “público” na história toda: pagar. Bolsonaro, na verdade, só deveria ser elogiado por reduzir essas verbas. É um escândalo, que a imprensa esconde cuidadosamente – promovendo a ficção segundo a qual dinheiro do governo garante a “liberdade de expressão” e que, assim sendo, não há nada de errado em doar recursos do Erário para jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão. (Mais o reforço, hoje, da “mídia social”). Alguém já ouviu falar em verbas publicitárias em algum meio de comunicação da Inglaterra, por exemplo? Ou dos Estados Unidos? É claro que não.