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Opinião
A ciência, na construção do futuro
Por Fernando Peregrino -- Chefe de gabinete da presidência da FINEP e engenheiro.
O Brasil assistirá, no dia 30 de julho, a abertura pelo Presidente da República, Lula da Silva e pela ministra Luciana Santos ( da Ciência, Tecnologia e Inovação) , a maior Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação, de sua história.
Espera-se, em Brasília, no dia 30, data da abertura, e nos dias 31 e 1 de Agosto, cerca de 2200 pessoas de todas as áreas do conhecimento e da Ciência.
Estarão na conferencia, representantes da academia, do governo, das empresas , dos trabalhadores, e da sociedade em geral.
Essa comunidade se reunirá para debater qual deve ser a estratégia do país para a produção e a disseminação do principal insumo do século XXI: O conhecimento científico.
Serão expostos e debatidos, na ocasião, temas como aquecimento global, eventos extremos ( fenômenos climáticos) meteorológicos , inteligência artificial, agricultura familiar e sua mecanização, segurança alimentar, descarbonização da indústria com a redução de combustíveis fósseis, o uso de combustíveis limpos, como o hidrogênio, a bioeconomia com preservação da cultura dos povos originários, a manutenção dos biomas, relação da universidade com a indústria, biotecnologia para enfrentamento de novas e antigas doenças, complexo da saúde e soberania na produção de fármacos, minerais estratégicos que exportamos para importarmos seus produtos nobres, como semicondutores.
As discussões e os debates sobre esses temas irão fundamentar uma nova estratégia nacional em inovação para o país, para os próximos dez anos.
Esse breve apanhado de problemas e propostas de soluções compõem a agenda da nova indústria do País, uma indústria limpa, sustentável, tecnológica, inclusiva, e capaz de auferir rendimentos crescentes na relação com o mundo pela sua balança comercial.
Os responsáveis pela produção científica e tecnológica e os atuais gestores de setores responsáveis por tudo isso querem uma indústria que ajude a empregar, por exemplo, mais de 20 mil doutores que o Brasil já consegue formar, anualmente. Além de utilizar sua ampla base de engenharia e engenheiros que detém.
Querem, ainda, uma indústria que nunca mais nos deixe vulneráveis, na importação de produtos estratégicos da saúde, como aconteceu na epidemia da Covid.
Com o objetivo de mobilizar a comunidade técnica e a sociedade em geral e de colher e sistematizar suas opiniões, a FINEP foi designada para coordenar o tema da neoindustrialização, na Conferência.
Para isso, foram realizados, desde o ano passado, 13 seminários temáticos.
Neles, a FINEP recebeu mais de 230 sugestões feitas pelos mais de 73 especialistas reunidos em sua sede entre dezembro de 2023 e maio de 2024, todos convidados por suas notórias atuações sobre os temas propostos.
Cada especialista recebeu duas perguntas para responder. A primeira pergunta foi : Como o Brasil está nessa temática? A segunda pergunta foi: Quais as soluções que você propõe para vencer as restrições?
Essa metodologia simples conseguiu extrair, em pouco tempo, um conjunto de informações que darão suporte à 5ª Conferencia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O rico material, com as respostas, está disponível em vídeo e foi transformado em dois livros, editados pela FINEP, que serão lançados na Conferencia.
Os dois livros reúnem essas 234 propostas de ações a serem exploradas e debatidas pelos representantes dos governos, empresas, academia, trabalhadores e da sociedade presente, com a seguinte distribuição por tema: Biotecnologia (29), Transição energética (7), Descarbonização (19), Inteligência artificial (24), Bioeconomia (34), Defesa (15), Financiamento (29), Universidade e Indústria (20), O Estado que queremos (7), Segurança alimentar (33), Complexo da saúde (7), Startup e Deep Tech (10).
Esse esforço só foi possível porque houve uma forte aliança entre entidades que formam a tríplice hélice, como a CNI/MEI – Confederaçao Nacional da Industria (Movimento Empresarial pela Inovaçao), CNDI – Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, ABIPTI – Associaçao Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnologica e Inovaçao, ANPEI – Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social, SEBRAE – Serviço Brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas, CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos e MCTI - Ministerio da Ciencia, Tecnologia e Inovaçao, e a colaboração de palestrantes que prestaram um serviço relevante ao pais para descortinar o tema estratégico e abrir horizontes com propostas de ação e de superação de obstáculos com o objetivo de transformar a realidade econômica do País.
O último tema objeto de um seminário específico foi para tratar do fenômeno mundial das startups e deeptech e seus ecossistemas.
Essas deeptech são tidas como startups com tecnologias de alto impacto, em geral dos setores de biotecnologia, inteligência artificial e robótica, elas atuam na fronteira do conhecimento. Nesse dia, o seminário assistiu a um desfile de startups deeptechs,
que fabricam, por exemplo, proteínas para produzir novos remédios, tecnologias para edição de DNA que podem curar o mal de Alzheimer e outras doenças neurológicas,
instrumentos não invasivos, capazes de detectar lesões no interior do cérebro, terapias revolucionárias de cura de canceres mortais, equipamentos científicos, hoje importados, entre tantas outras criadas a partir da produção científica dos laboratórios universitários e seus ecossistemas.
A FINEP, que completa, essa semana, uma história de 57 anos de apoio à inovação no Pais, agora , ajuda a projetar um futuro de uma indústria soberana e tecnológica, apoiada na ciência, coletando e sistematizando o conhecimento disponível em várias áreas e segmentos.
Essas contribuições foram organizadas por uma comissão coordenada pelo presidente da Financiadora de Estudos e Projetos, Celso Pansera, a qual integro como coordenador executivo, e serão oferecidas aos participantes do evento para melhor fundamentar uma estratégia nacional para a ciência apoiar a neoindustrialização do Brasil.
* Fernando Peregrino, Chefe de Gabinete da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos