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Opinião

Darcy Ribeiro

Por Everton Gomes - Cientista político e porta voz do Rio Boa Praça.

No dia 26 de outubro, professores, estudantes e trabalhistas de todo lembraram dos 99 anos de Darcy Ribeiro ( 1922-1997).

Carinhoso e receptivo a homenagens e a demonstrações de afeto, o grande antropólogo, educador e político, se estivesse vivo, iria soprar o bolo de parabéns, em confraternizações , principalmente, com jovens, que o seguiam e o admiraravam por seus ideais de um Brasil democrático e mais culto.

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Chefe da Casa Civil do presidente Jango, Darcy Ribeiro tentou resistir até o final, no Palácio do Planalto, em Brasília, quando aconteceu o golpe militar. Mas, depois, foi para o Rio Grande do Sul, onde estava Leonel Brizola, que liderou a resistência e queria enfrentar os golpistas com o apoio do povo gaúcho, de políticos trabalhistas e militares nacionalistas.

Exilado no Uruguai, em 1964, recebeu o apoio de professores e dirigentes de várias universidades importantes daquele país.

Darcy Ribeiro retornou ao Brasil em 1968, graças a um habeas-corpus . O documento jurídico permitiu que ele respondesse em liberdade as acusações que lhe fizeram na Justiça Militar.

No Brasil, participou de algumas manifestações contra os militares e foi cassado pelo AI-5. Conseguiu exilar-se na Venezuela e, depois, no Chile e no Peru.

No Chile, o ex-senador participou do histórico governo do presidente democrata Salvador Allende, deposto em 1973 pelo general Augusto Pinochet.

Nessa fase do exílio, de acordo com pesquisadores que estudaram a trajetória de Darcy Ribeiro fora do Brasil nos tempos da ditadura, o querido antropólogo escreveu cinco dos seis livros de Estudos da Antropologia da Civilização.

Depois do golpe militar contra o democrático Allende, Darcy foi para o Peru e lá teve diagnosticado um câncer em um dos pulmões. Conseguiu autorização para fazer a cirurgia no Brasil e, também, visto de entrada para vir, periodicamente, fazer avaliações médicas em solo brasileiro.

Em 1976, antes de ser anistiado ( com a Lei da Anistia, em 1979), voltou a morar, definitivamente, no Rio de Janeiro.

No exílio, o escritor e cientista social escreveu dois de seus mais conhecidos romances, Maíra e o Mulo.

Depois, vieram Utopia Selvagem , Migo , Aos Trancos e barrancos, Ensaios Insólitos e Testemunho.

Com sua primeira esposa, Berta Ribeiro ( com quem veio a se casar, novamente, antes de morrer), lançou A suma etinológica brasileira .

Anistiado em 1979, voltou a fazer política em 1980, com a volta de Brizola, do exílio. E, no Rio de Janeiro, ajudou a fundar o PDT.

Junto com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro venceu (na histórica chapa Brizola, governador, Darcy , vice-governador, Saturnino Braga, senador ) as eleições de 1982.

Ao tomar posse como vice-governador, em 1983, Darcy Ribeiro assumiu, também, a Secretaria Estadual de Cultura e coordenou o Programa Especial de Educação.

No primeiro governo de Brizola, Darcy coordenou o projeto de implantação de centenas de Cieps em todo o Estado.

Foi também Darcy que criou a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa de Cultura Laura Alvim e o Sambódromo.

O querido professor inaugurou duzentas salas de aula, no Sambódromo.

Em 1990, foi eleito senador na chapa que teve como vencedor o ex-governador Leonel Brizola.

Entre 1992 e 1994 completou o projeto de implantação dos Cieps e consolidou a Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Dois anos antes de morrer, em 1997, Darcy Ribeiro lançou O povo brasileiro, uma obra-prima que todos deveriam ler.