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Ciência & Tecnologia

Decreto federal facilita exploração de petróleo em ambiente costeiro, colocando em risco o arquipélago de Abrolhos

Um decreto federal publicado em setembro no Diário Oficial da União (Decreto 10.479/2020) qualifica para o Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI) mais de 700 blocos de exploração e produção de petróleo e de gás natural, incluídos no modelo de oferta permanente. Na prática, a medida tem o potencial de intensificar este tipo de atividade na costa brasileira, ampliando os riscos a ambientes marinhos sensíveis, como o arquipélago de Abrolhos, próximo à Bacia Camamu-Almada, na Bahia.

O decreto impulsiona a instalação deste tipo de operação na medida em que facilita a aplicação do Repetro (regime aduaneiro especial), garantindo condições diferenciadas e isenções para a importação de equipamentos, para um grupo de áreas não arrematadas em licitações anteriores, que foram devolvidas ou estão em processo de devolução para a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RENC), Hudson Pinheiro, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é o mais importante berçário das baleias jubartes do Atlântico Sul, além de cobrir parte do maior ecossistema de recifes de coral da região, que concentra grande biodiversidade de peixes e outros animais marinhos. “É também a única região do planeta onde é possível encontrar o coral-cérebro”, diz Pinheiro, que também é cientista da Academia de Ciências da Califórnia e da Associação Ambiental Voz da Natureza.

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Dados do Programa de Desenvolvimento de Turismo (Prodetur) apontam que o fluxo turístico gerado pelo parque representa 20% do PIB dos municípios que compõem a Costa das Baleias, como Alcobaça, Caravelas, Mucuri, Nova Viçosa e Prado. “Vazamentos de óleo podem causar impactos irreversíveis no meio ambiente marinho, cobrindo os recifes de corais e contaminando toda a cadeia alimentar. Os prejuízos para o desenvolvimento sustentável do turismo e atividades de pesca artesanal na região seriam enormes”, completa o cientista.

Tags: meioambiente, Natureza