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Opinião

Lembranças da política

Por Mauro Magalhães - Ex-deputado e empresário.

Encontrei, no início da semana, nos arquivos das lembranças da minha vida, nesses 89 anos, alguns bilhetes e mensagens que troquei com o querido amigo , Raphael de Almeida Magalhães ( 1930-2011) .

Bonito e sedutor, amistoso no trato com os colegas da política, Raphael de Almeida Magalhães completaria 94 anos

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, no dia 14 de dezembro deste 2024.

Nascido em Minas Gerais, como eu, Raphael era filho do grande advogado e jornalista Dario de Almeida Magalhães.

Dario, pai de Raphael, dirigiu o jornal Estado de Minas, quando era jornalista, e deu apoio à Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas.

Em 1932, Dario de Almeida Magalhães veio morar no Rio de Janeiro e se tornou diretor de os Diários Associados, de Assis Chateaubriand.

Dario deu ao filho o mesmo nome de seu pai, o desembargador e presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Raphael de Almeida Magalhães.

Raphael de Almeida Magalhães teve muita influência de seu pai, Dario.

Em 1934, Dario de Almeida Magalhães foi eleito deputado na Assembleia Constituinte, pelo Partido Republicano Mineiro e permaneceu no cargo até o fechamento do Congresso, em 1937, pelo Estado Novo.

Em 1943, Dario de Almeida Magalhães redigiu o Manifesto dos Mineiros, contra a ditadura do Estado Novo.

Em 1944, Dario foi preso pela polícia política do primeiro governo de Getúlio Vargas, junto com outros signatários do Manifesto, como Austregesilo de Athayde, Adauto Lúcio Cardoso e Virgílio Melo Franco.

Em 1946, foi eleito deputado federal pelo Partido Republicano. E, nessa época, rompeu seus laços de aamizade com Assis Chateaubriand.

Por intermédio de seu pai , Raphael de Almeida Magalhães conheceu Carlos Lacerda. A amizade surgiu no início dos anos 50.

Dario de Almeida Magalhães aproximou-se de Carlos Lacerda e ajudou a fundar a Tribuna da Imprensa, o jornal que fez oposição a Getúlio Vargas, em seu segundo governo, até o suicídio, em 1954.

Raphael de Almeida Magalhães formou-se em Direito pela PUC-RJ, em 1956, no início do governo do inesquecível Juscelino.

Antes de tornar-se advogado, Raphael já trabalhava com Carlos Lacerda, na Tribuna da Imprensa.

Por influência de seu pai e de Carlos Lacerda, Raphael filiou-se à extinta UDN, nessa época e militou na ala liberal do partido.

Em 1961, Raphael de Almeida Magalhães casou-se com a elegante Mitzi Munhoz da Rocha.

Além de sermos lacerdistas, tínhamos, eu e Raphael de Almeida Magalhães, outra paixão em comum: O Fluminense.

Vice-governador de Carlos Lacerda, no antigo Estado da Guanabara, Raphael organizou as bases administrativas e de planejamento do governo .

Quando Carlos Lacerda renunciou, por ter se recusado a passar o governo para o governador eleito, Negrão de Lima, Raphael completou o mandato, com o apoio dos deputados estaduais.

Eu era deputado estadual e líder da UDN na Assembleia Legislativa, nessa época.

Despachei inúmeras vezes com Raphael, no Palácio Guanabara, e , quando saíamos de lá, tarde da noite, íamos jantar com Nelson Rodrigues e outros tricolores famosos .

Cassado pelo AI- 5, em 1968, por sua participação na Frente Ampla, que uniu Carlos Lacerda a Jango e a Juscelino Kubitschek, e , também, por defender Marcio Moreira Alves ( deputado federal ameaçado de cassação por um discurso contra os militares no Congresso), Raphael de Almeida Magalhães voltou à política, no final dos anos 70, quando articulou a candidatura indireta do general Euler Bentes à presidência da República, em oposição ao general João Figueiredo ( eleito presidente, em 1978) .

Antes de morrer, em 2011, Raphael e eu nos encontramos inúmeras vezes. Minhas lembranças dele são as melhores possíveis. Ministro de José Sarney, amigo de Tancredo Neves e de Ulysses Guimarães, Raphael teve grande participação no capítulo referente à Seguridade Social, na Constituição de 1988.