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Opinião

Meu amigo, Ênio Silveira

Por Mauro Magalhães - Ex-deputado e empresário.

No início da semana, encontrei uma carta que o Ênio Silveira ( 1925-1996), grande editor , me enviou, no início de 1990, dizendo que tinha interesse em publicar meu livro, O Sonhador Pragmático, sobre a Vida de Carlos Lacerda.

Meu livro, uma das primeiras biografias sobre Carlos Lacerda, foi publicado em 1994, pela editora Civilização Brasileira, comandada por Ênio Silveira.

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Ênio, que também foi amigo de Carlos Lacerda, me disse que publicaria meu livro, mas ele gostaria de escrever a orelha.

Fiquei honrado com a proposta. E, me tornei amigo de Ênio Silveira até a sua morte prematura, em 1996.

Nascido em São Paulo, Ênio Silveira veio de uma família tradicional, de intelectuais.

Ele estudou na Escola Livre de Sociologia da Universidade de São Paulo.

Nessa época, conheceu Monteiro Lobato, dono da Companhia Editora Nacional, uma das maiores editoras de livros didáticos.

Por recomendação de Monteiro Lobato, Ênio Silveira passou a estagiar na Companhia Editora Nacional. E, ali, conviveu com grandes escritores . Entre eles, Fernando Azevedo e Anisio Teixeira.

Em 1946, Ênio foi morar em Nova Iorque, onde cursou Editoração , na Universidade de Colômbia, e fez estágio na editora de Alfred Knopf.

A proposta de assumir a direção da Editora Civilização Brasileira surgiu no início dos anos 50.

A Editora Civilização Brasileira e Ênio Silveira tiveram, desde então, um caminho único.

Fundada em 1929, a Civilização Brasileira foi adquirida em 1932 por Octalles Marcondes.

Ênio, depois que assumiu a editora, a convite de Octalles, tornou a Civilização Brasileira uma das principais do país.

Ele tinha muito entusiasmo em investir nos autores brasileiros.

Publicou livros de Fernando Sabino, encomendou a Antônio Houaiss a tradução de Ulysses, de James Joyce, entre outros sucessos.

Filiado ao Partido Comunista Brasileiro, Ênio tinha relações de amizade com personalidades de várias tendências ideológicas.

Em 1965, lançou a Revista Civilização Brasileira.

No governo do general Castelo Branco, Ênio Silveira foi obrigado a deixar a direção da Civilização Brasileira.

Ele foi preso três vezes, no início do governo militar. Depois do AI-5, Ênio foi perseguido e teve prejuízos financeiros.

Mesmo assim, ele continuou a publicar, com sucesso. Atualmente, a Civilização Brasileira faz parte do Grupo Editorial Record.

Tenho muitas saudades de meu amigo, Ênio Silveira, que lutou muito pela democracia e pelas edições de qualidade.