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Opinião

O acervo de Lacerda

Por Mauro Magalhães - Ex-deputado e empresário.

No dia 30 de abril, amigos do ex-governador Carlos Lacerda farão homenagem póstuma ao politico udenista e jornalista, considerado como um dos mais amados e odiados personagens de sua época.

Eu, que fui amigo de Lacerda ( fundei a Sociedade dos Amigos de Lacerda, no início dos anos 80) e, também, fui líder de seu governo, na Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, cedi , por empréstimo, ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro o acervo de Carlos Lacerda, que a família de Walter Cunto ( chefe da assessoria de Comunicação Social de Carlos Lacerda, no Palácio Guanabara entre 1960 e 1965) me doou, depois da morte do fiel assessor de imprensa do ex-governador, há algumas décadas.

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O acervo contém entrevistas realizadas durante e depois do governo de Carlos Lacerda. Além de textos informativos, o acervo contém fotos, vídeos, documentos históricos.

Nascido no Distrito Federal ( quando o Rio de Janeiro era a capital do país), em 1914, Carlos Lacerda teve seu nascimento registrado em Vassouras, por seu pai, Maurício de Lacerda, e sua mãe, Olga Werneck de Lacerda.

No curso primário, Lacerda estudou na Escola Pública José de Alencar. No ginásio, foi transferido do Liceu Francês para o Pio-Americano, de onde fugiu.

Começou a trabalhar aos 15 anos, em 1929, em uma seção de artigos dirigida pela grande escritora Cecília Meireles, no Diário de Notícias.

Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1932, durante o governo provisório liderado por Getúlio Vargas.

Em setembro de 1934, Lacerda , filiado à Federação da Juventude Comunista, do PCB, organizou, ao lado de Edmundo Muniz e outros estudantes daquela época, o I Congresso da Juventude Comunista do Brasil.

Nessa mesma época, Lacerda abandonou o Curso de Direito, articulou a criação da Aliança Nacional Libertadora, fundada , também, por Francisco Mangabeira , Luis Carlos Prestes, entre outros.

Já no Estado Novo, instaurado por Getúlio Vargas, Carlos Lacerda passou a escrever para a Revista Diretrizes, fundada por Samuel Wainer, jornalista que, mais tarde, foi dono da Última Hora, jornal que defendeu, até o fim, o presidente Getúlio Vargas, até a sua morte, em 1954.

O rompimento de Lacerda com os comunistas aconteceu em 1939.

Em 1945, Lacerda filiou-se à UDN, partido de oposição ao governo Vargas, e deu apoio à candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes, derrotado nas eleições realizadas logo depois da deposição de Vargas, pelo Marechal Eurico Dutra, candidato do antigo PSD.

Lacerda foi um dos principais líderes de oposição ao governo Vargas e, mais tarde, participou de atos contra a posse de Juscelino Kubitschek, eleito em 1955, na campanha presidencial. Pelo PSD, com a coligação com o PTB de João Goulart..

Eu conheci Lacerda na campanha para governador do antigo Estado da Guanabara, em 1960 .

Fiquei tão empolgado com ele, que me filiei à UDN.

Incentivado por amigos jornalistas, eu me candidatei a deputado estadual, nas eleições para a Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, em 1962.

Fui fiel a Lacerda e ao lacerdismo e acompanhei toda a trajetória do meu amigo e ex-governador, desde que fomos cassados, pelo AI-5, ele , em dezembro de 1968, e eu, em abril de 1969, por nossa participação na Frente Ampla, junto com Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Tenho muito orgulho de ter participado da Frente Ampla e de ter sido fiel aos amigos que estiveram nesse movimento, até o fim.

Até a sua morte, em maio de 1977, acompanhei todos os passos de Lacerda.

Eu o visitava, sempre, no Rio em seu sítio , no Rocio, em Petrópolis, onde ele cultivava rosas e preparava deliciosas omeletes, para servir aos amigos.