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Opinião

O atentado da Rua Tonelero.

Por Mauro Magalhães - Ex-deputado e empresário.

Na última segunda-feira, dia 5 de agosto, historiadores e personagens vivos da história brasileira relembraram dos 70 anos do atentado da Rua Tonelero, em Copacabana, Rio de Janeiro, contra Carlos Lacerda, que teve como consequência a morte do Major Aviador da Aeronáutica, Rubens Florentino Vaz .

Em agosto de 1954, o Rio de Janeiro era a capital federal.

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Carlos Lacerda, dono e diretor do jornal Tribuna da Imprensa, era um dos principais opositores ao governo eleito de Getúlio Vargas( eleito em 1950, pelo PTB, nas eleições que derrotaram o Brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, e Cristiano Machado, do PSD).

Lacerda havia participado, na noite de 4 de agosto, de uma conferência no Externato São José, na rua Barão de Mesquita, 164, Tijuca.

O encontro dos estudantes, professores e opositores a Getúlio Vargas, com Carlos Lacerda foi organizado pela Associação dos Antigos Alunos e aconteceu no teatro do colégio.

Ali, havia quase mil lacerdistas. O encontro começou tarde. Depois das 21h.

Conferencista e orador de sucesso, Lacerda falava muito bem .

Criticou o governo de Getúlio Vargas, as tensões do mundo moderno, foi aplaudido, demoradamente , saiu de lá bem tarde. Depois da meia-noite.

Estavam com Lacerda, o filho dele, Sérgio Lacerda, de 15 anos, o jornalista Amaral Neto , da Tribuna da Imprensa ( que, tempos depois, tornou-se deputado), e o major Rubens Vaz.

O grupo dirigiu-se, de volta à Zona Sul, no carro do major Rubens Vaz.

Deixaram Amaral Neto, na Urca, e foram para Copacabana, onde ficariam Lacerda e seu filho, Sérgio, no apartamento do prédio de número 180, na rua Tonelero.

Quando chegaram, poucos minutos antes antes da uma da manhã, Carlos Lacerda ficou conversando com o Major Rubens Vaz, na porta do seu prédio, enquanto o filho, Sérgio, foi chamar o garagista.

Lacerda e Sérgio despediram-se do major e caminharam em direção à garagem do edifício, que existe até hoje e tem o nome de Albervania.

Logo depois, aconteceu o atentado. O vigilante municipal Salvio Romeiro, que fazia a guarda na rua Tonelero, ouviu os disparos e tentou deter um homem que saia correndo do local. E, levou um tiro na perna.

O major Rubens Vaz, que estava desarmado, tentou se defender dos tiros dados por uma pessoa que surgiu no escuro e fez vários disparos, depois que ele se despediu de Lacerda, na porta do prédio.

Lacerda, que estava armado, atirou contra o agressor, que fugiu em um táxi

O major morreu, logo depois de ter levado o tiro.

Eu tinha 19 anos, nessa época, trabalhava com meus irmãos mais velhos e lembro bem de tudo o que aconteceu.

Lacerda acusou Getúlio Vargas, como mandante do crime.

No dia 8 de agosto, a Aeronáutica assumiu as investigações do caso. No dia 9 de agosto, Afonso Arinos, que era deputado federal, fez um discurso histórico, no Congresso Nacional, em que pedia a renúncia de Getúlio Vargas.

Gregório Fortunato foi condenado, como mandante, junto com o atirador, Alcino, e os outros envolvidos, Climerio, e Antônio Soares, além do motorista de táxi, Nelson Raimundo.

Getúlio Vargas suicidou-se em 24 de agosto. Mas, essa já é uma outra história.