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Opinião

Os amigos da Frente Ampla

Por Mauro Magalhães -- Ex-deputado e empresário.

Na última quarta-feira, dia 10 de julho, o ex-deputado e ex-ministro Renato Archer (1922- 1996) completaria 102 anos.

Capitão-de-fragata da Marinha Brasileira, Renato Archer entrou na política em 1947, quando foi trabalhar, como oficial de gabinete, com seu pai, Sebastião Archer, que era, na época, governador do Maranhão.

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Na campanha presidencial de 1950, que elegeu Getúlio Vargas, pelo PSD, com o apoio do PTB, Renato Archer foi eleito vice-governador na chapa de Eugênio Barros (PSD).

Amigo de meu amigo, Juscelino Kubitschek, Renato Archer foi um dos coordenadores da campanha de JK, para a presidência da República, em 1955.

Filiado ao PSD getulista e juscelinista, Renato Archer foi eleito, pela primeira vez, deputado federal pelo partido, no Maranhão, em 1954. Foi reeleito, em 1958 e em 1962 .

Com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, Archer foi nomeado ministro interino das Relações Exteriores, no gabinete parlamentarista de Tancredo Neves, com João Goulart, na presidência.

Depois de 1964, filiado ao MDB, junto com outros colegas lacerdistas e ex-udenistas, eu conheci o Renato Archer (eleito deputado federal, pelo MDB do Maranhão, em 1966) e passei a ter um convívio melhor com ele.

O surgimento da Frente Ampla, liderada por Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e João Goulart, em 1966, fez com que nós pudéssemos nos aproximar, ainda mais. Eu tinha sido reeleito deputado estadual pelo antigo Estado da Guanabara.

Renato Archer tornou-se o secretário-geral da Frente Ampla, em 1966 .

O histórico encontro de Carlos Lacerda com João Goulart, em setembro de 1967, em Montevidéu, no Uruguai, teve a participação de Renato Archer, que representou, ali, no apartamento dw Jango, o amigo Juscelino Kubitschek ( Juscelino, muito visado por sua enorme liderança, não pôde ir ao encontro, no Uruguai ).

Eu acompanhei, ao lado de Hélio Fernandes, José Talarico e Wilson Fadul, os preparativos da viagem de Carlos Lacerda e Renato Archer à Montevidéu, para o célebre encontro com Jango.

Na reunião, foi assinada uma declaração conjunta que reivindicava a redemocratização, no Brasil .

A aliança entre Lacerda e Jango teve grande repercussão.

Na ocasião, Lacerda disse à imprensa, quando desembarcou, de volta, ao Brasil:" Hoje está comprovado que Jango não é um homem do Partido Comunista, nem eu sou dos Estados Unidos ".

Um dos trechos do documento assinado por João Goulart e Carlos Lacerda dizia:

" Não temos ambições pessoais, nem o nosso espírito abriga ódios. Anima-nos tão somente o ideal, que jamais desfacelerá, de lutar pela libertação e grandeza do Brasil, com uma vida melhor para todos os seus filhos".

Muito amigo de Ulysses Guimarães, Archer foi indicado, pelo presidente eleito, Tancredo Neves, em 1985, para ser Ministro da Ciência e Tecnologia. Foi mantido no cargo pelo presidente empossado, José Sarney. Morreu, em 1996, quando ocupava o cargo de presidente da Embratel, no governo de Itamar Franco.