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Negócios
Buser sofre perseguição e passageiros são danos colaterais
A Buser, startup de viagens interurbanas, tornou-se alvo da fiscalização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em todo o país. Na madrugada do dia 22, em uma viagem do Rio de Janeiro para São Paulo, pude presenciar a ação de uma dessas operações.
Por volta das 02h30 fomos interceptados pela ANTT com uma manobra perigosa, o veículo "fechou" o ônibus forçando o motorista a frear e parar abruptamente na pista. Os fiscais não entraram no ônibus nem prestaram esclarecimentos aos passageiros, apenas o próprio motorista da Buser, após ser abordado pelos fiscais, veio nos informar que tratava-se de uma fiscalização.
Visivelmente abalado o motorista disse não entender o porquê de sermos parados, garantindo que todos os documentos e autorizações do veículo estavam corretos, bem como os protocolos sanitários de funcionamento. Ainda assim não fomos liberados, o documento de todos os passageiros foi recolhido pelas autoridades da ANTT e fomos escoltados até um posto de parada onde outros ônibus da Buser já estavam apreendidos.
Enquanto aguardava deliberação da Agência, eu e outros passageiros escutávamos as conversas entre os motoristas da Buser. Segundo eles essas fiscalizações constantes não buscavam irregularidades nos ônibus, mas impedir a realização das viagens da Buser. Comentavam que a fiscal que parecia estar no comando daquela operação ignorava deliberadamente a liminar judicial que autorizava a empresa a operar, chegando mesmo a rasgá-la dizendo que ali aquilo não tinha valor algum.
Mais de uma hora depois tivemos nossos documentos devolvidos e todos os passageiros foram liberados, mas não o ônibus, que ficaria retido, nem o motorista, que iria acompanhar os fiscais até a delegacia mais próxima.
Estávamos sendo simplesmente deixados no meio do nada, de madrugada, no frio, sem transporte para seguir viagem? Felizmente a Buser providenciou táxis que levaram todos nós até São Paulo, porque, sinceramente, não pareceu que a agência faria alguma coisa para ajudar os passageiros.
A ANTT presta um serviço valioso ao fiscalizar a realização de viagens irregulares e arriscadas em todo o país, mas, assim como os motoristas comentaram, não parece tratar-se disso com a Buser.
Assim como a luta que o Uber travou no segmento de mobilidade urbana, a Buser está enfrentando um grupo de poucas e tradicionais empresas do setor rodoviário para oferecer seu serviço, e sua presença parece realmente estar incomodando essas poderosas entidades.
As empresas do setor alegam que a startup estimula o transporte clandestino, o que parece um contrassenso, uma vez que o serviço oferecido na verdade apresenta-se como uma solução viável para esse problema.
O app conecta pessoas que querem fazer uma mesma viagem com empresas de fretamento de veículos, e as passagens tem preços menores do que as oferecidas nas rodoviárias. Regras obrigatórias precisam ser seguidas pelas empresas dos fretados para fazer parte da Buser, é preciso ter seguro, passar por vistoria, inspeção e receber autorização da própria ANTT. Além disso, devido a Covid-19, os ônibus também foram adaptados para atender as recomendações das autoridades sanitárias.
Ainda assim ações na justiça que tramitam contra a Buser questionam a legalidade da ferramenta, e na visão do sindicato a startup pratica concorrência desleal e ilegal contra as empresas regulares do setor. Um discurso comum daqueles que se sentem ameaçados pelas inovações tecnológicas que promovem competitividade e melhoria dos serviços para os consumidores.
Tags: Buser, ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, ônibus, Viagem, rodoviária, app, Startup, viagens interurbanas, fiscalização