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CNJ investigará Moro por 'violação de imparcialidade' em decisões que enviaram R$ 2 bilhões à Petrobras
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CNJ investigará Moro por 'violação de imparcialidade' em decisões que enviaram R$ 2 bilhões à Petrobras

Também pesa contra o ex-juiz indícios de atuação com fins político-partidários; apuração envolve ainda uma juíza e três desembargadores

Política

O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, determinou nesta sexta-feira (22) a abertura de uma reclamação disciplinar contra o senador Sergio Moro (União-PR) referente à conduta dele quando era juiz da 2ª Vara Criminal de Curitiba. No inquérito contra Moro, que também envolve a juíza Gabriela Hardt, a corregedoria vai averiguar indícios de violação reiterada dos deveres de transparência, de prudência, de imparcialidade e de diligência do cargo em decisões que autorizaram o repasse de mais de R$ 2 bilhões à Petrobras.

De acordo com a decisão do ministro Salomão, as autorizações concedidas entre 2015 e 2019 foram dadas "ao ímpeto de efetuar a execução imediata dos termos estabelecidos nos acordos firmados pela força-tarefa, o que terminava por consolidar verdadeira dispensa do devido processo legal".

O corregedor também entendeu que os valores teriam sido transferidos antes do trânsito em julgado de parte das ações penais, em um processo instaurado de ofício que não incluiu a participação de réus nem de investigados. O ex-juiz e a magistrada não teriam, ainda, considerado o fato de que a empresa estava sob investigação por autoridades americanas desde novembro de 2014, por conduta ilícita da companhia nos Estados Unidos, sendo ré em processos que apuravam suspeitas de corrupção.

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As reclamações foram instauradas após um relatório da corregedoria identificar falta do dever de cautela, de transparência, de imparcialidade e de prudência de juízes e desembargadores que atuaram na Operação Lava Jato. A inspeção foi realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba e na 8ª Turma do TRF-4, em que tramitam processos relacionados.

De acordo com o relatório, o trabalho de inspeção encontrou uma "gestão caótica" no controle de valores oriundos de acordos de colaboração e de leniência firmados com o Ministério Público Federal (MPF) e homologados pela Justiça Federal do Paraná.

No caso de Moro, pesa também contra ele, segundo a decisão do corregedor nacional de Justiça, indícios de atuação na magistratura com fins político-partidários, o que é vedado pela Constituição Federal e por resolução do CNJ.

Na semana passada, Moro rebateu as alegações, disse que nenhum desvio de recurso foi identificado e que o relatório que "sugere possíveis irregularidades é mera opinião preliminar da Corregedoria do CNJ sem base em fatos". Procurado pelo R7, o senador ainda não se manifestou.

Outras três reclamações disciplinares vão apurar, de forma individualizada, as condutas dos desembargadores João Pedro Gebran Neto, Marcelo Malucelli e Loraci Flores de Lima — todos do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) — diante do recurso apresentado pela Petrobras contra uma decisão da 13ª Vera Federal de Curitiba que previa a transferência de mais de R$ 43 milhões ao Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) e à Conta Única do Tesouro Nacional.