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Conheça o produto da Amazônia pesquisado como ansiolítico natural
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Conheça o produto da Amazônia pesquisado como ansiolítico natural

Pesquisa tem como objetivo buscar abordagens naturais para o tratamento de transtornos emocionais com redução nos efeitos colaterais

Conhecimento

Uma pesquisa que está sendo conduzida pelo Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) analisa o uso do caroço de açaí no tratamento contra ansiedade.

O Metrópoles conversou com a biomédica e responsável pelo estudo, Graziele Freitas de Bem. Na fase experimental com testes em ratos, os pesquisadores observaram que o extrato do açaí conseguiu inibir os hormônios responsáveis pela ansiedade sem causar um efeito colateral.

O açaí é um dos frutos mais populares na região amazônica. Normalmente, utiliza-se a polpa do fruto e descarta o caroço. Para dar um fim sustentável a ele, os pesquisadores estão em busca de um destino que remeta a tratamentos de saúde.

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A pesquisa aponta que o caroço do açaí possui compostos que podem auxiliar a reduzir os sintomas da ansiedade. A fase experimental do estudo contou com a análise em ratos que foram separados ainda nos primeiros dias de vida das suas genitoras e desenvolveram comportamentos ansiosos.

Confira a explicação da pesquisadora Graziele sobre como foi realizada essa separação:

https://www.metropoles.com/brasil/conheca-o-produto-da-amazonia-pesquisado-como-ansiolitico-natural

Comparação

Os pesquisadores separaram os animais em grupos e observaram os efeitos do extrato do caroço do açaí (ASE) em comparação com a fluoxetina, medicamento já conhecido e utilizado no tratamento de ansiedade.

Para verificar se o animal tem algum transtorno de ansiedade, os pesquisadores realizam alguns testes comportamentais. “A gente coloca o animal em uma caixa retangular e observa como ele vai se movimentar. A gente avalia que o animal mais ansioso vai ter um comportamento de se dirigir menos para o centro da caixa e fica mais na periferia, onde se sente mais seguro”, explica Graziele.

Dessa forma, foi possível observar que os animais que sofreram separação materna desenvolveram um comportamento ansioso dentro do experimento. Nos ratos que foram administrados o ASE (extrato do caroço do açaí), os pesquisadores observaram que eles se deslocaram da periferia da caixa para o centro.

“O tratamento com ASE foi capaz de reduzir os níveis do hormônio liberador de corticotrofina, como também de aumentar a expressão desses receptores de glicocorticoides no hipotálamo”, afirma a pesquisadora da Uerj.

O hormônio citado por Graziele é o adrenocorticotrófico, que está associado ao estresse causado nos animais na primeira fase de vida, que depois se tornaria ansiedade. Agora, o glicocorticoide é responsável pela regulação dos genes do corpo do animal, incluindo o metabolismo que estaria ligado a esse transtorno.

Assim, os pesquisadores conseguiram observar que o extrato do açaí inibiu os hormônios responsáveis pela ansiedade sem causar efeito colateral.

Abordagem natural

Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa é a possibilidade de uma abordagem mais natural no tratamento de transtornos emocionais. Caso o caroço de açaí se mostre realmente eficaz para o controle da ansiedade, ele poderá ser utilizado como uma alternativa aos tratamentos convencionais, que muitas vezes apresentam efeitos colaterais significativos.

Como ainda está na fase experimental, o estudo da Uerj ainda não apresenta informações precisas sobre como o ASE irá funcionar no corpo humano. Mas a expectativa dos pesquisadores é que o extrato do açaí também tenha um bom resultado.

“A gente ainda não tem estudos clínicos. Nós ainda não realizamos estudos em seres humanos e estudos farmacocinéticos, que são importantes para gente saber quais as concentrações poderiam ser utilizadas em humanos”, pontua Graziele. “A gente está fazendo uma pesquisa básica, estudos experimentais e laboratório para que a indústria se interesse em avaliar o nosso extrato. E aí, sim, uma possível parceria para um trabalho clínico”, conclui.

De toda forma, ainda que em fases iniciais, ela vê a pesquisa com boas perspectivas.