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Negócios

Produção brasileira de cerveja sobe 2,9 pontos em 2020 e retoma patamar de 2014

A produção nacional de cerveja cresceu 2,9 pontos percentuais em 2020, chegando a 14,1 bilhões de litros. Com isso, retomou o patamar de 2014, quando atingiu seu auge no Brasil, segundo dados da CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja).

De acordo com a CervBrasil, a pandemia de covid-19 pressionou os custos, mas não interferiu no crescimento da indústria cervejeira. A associação diz que o 1º semestre de 2021 também foi positivo em termos de produção e fala que a reabertura dos bares e restaurantes pode impulsionar o setor nos próximos meses. A expectativa do setor é bater o recorde de 2014 e 2020 em 2021, chegando a 14,7 bilhões de litros de produção. “Projetamos um aumento de até 5% do volume”, afirmou o presidente da CervBrasil, Paulo Petroni. O Brasil é o 3º maior produtor de cerveja do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. A indústria cervejeira movimenta R$ 160 bilhões por ano, responde por 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto) e emprega 2,7 milhões de pessoas no país.

Segundo o Ministério da Agricultura, existem 1.383 cervejarias registradas no país. O número de fabricantes cresceu, em média, 19,6% ao ano nos últimos 20 anos, impulsionado pelo surgimento das fábricas de cerveja artesanal. Em 2020, o aumento do número de fabricantes foi de 14,4%, abaixo da média dos últimos anos por causa da pandemia de covid-19. Porém, também foi em 2020 que todos os Estados brasileiros passaram a ter uma cervejaria, com a abertura da 1ª fábrica do Acre. De acordo com o Anuário da Cerveja do Ministério da Agricultura, as 1.383 cervejarias brasileiras brasileiras estão espalhadas em 609 municípios brasileiros. Porém, o Sul e o Sudeste concentram 85% do mercado. São Paulo é o Estado com mais unidades (285), enquanto Porto Alegre é a cidade com a maior concentração (40).

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Apesar de impulsionarem o número de cervejarias registradas no país, as marcas artesanais respondem por apenas 1% da produção nacional. Segundo a CervBrasil, 59% da produção estão nas mãos das 10 marcas mais vendidas do país. Essa concentração, no entanto, já foi maior: era de 70% em 2014 e diminuiu por conta do crescimento das marcas premium, mais caras. Com rótulos populares e marcas premium, a Ambev é a líder isolada do mercado brasileiro de cerveja. De acordo com a CervBrasil, a companhia ganhou espaço dos grupos Heineken e Petrópolis em 2020. Fechou o ano com 58% de market share e aumento de 4,7% da receita líquida. Em nota, a Ambev disse que “a ampliação de opções aos consumidores fortalece o mercado como um todo, ao mesmo tempo que beneficia e atende a diferentes gostos e momentos de consumo”. A Heineken disse que “cresceu dois dígitos em mais de 50 mercados, entre eles, o Brasil”. O Grupo Petrópolis não comentou.

A pandemia de covid-19 impôs mudanças à indústria cervejeira. Segundo a CervBrasil, o consumo foi para dentro de casa. Por isso, subiu de 40% para 65% a parcela das vendas em embalagens descartáveis, como latas e long neck. O uso das garrafas retornáveis dos bares caiu de 60% para 35%. A pandemia de covid-19 também afetou o funcionamento das fábricas cervejarias artesanais, que vendem principalmente para os bares. Segundo o Ministério da Agricultura, o país registrou a criação de 204 cervejarias e o fechamento de outras 30 em 2020. Foi a 1ª vez que o setor teve um número de fechamentos expressivos. O coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Ministério da Agricultura, Carlos Müller, não descarta o registro de novos fechamentos em 2021. Porém, não prevê o encolhimento do setor. Diz que “só não deve crescer com o mesmo fôlego de antes”. “Ainda há muita gente interessada nesse mercado e as marcas que só vendiam em barril para os bares têm procurado alternativas para o consumo domiciliar”, afirmou Müller. Segundo a Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal), 42% das cervejarias artesanais passaram a vender por delivery na pandemia, por exemplo.

“Tendo renda, o consumidor busca diversificar e provar novos rótulos. Isso favorece as cervejarias artesanais. O que será determinante para o crescimento do setor agora é o rendimento do brasileiro”, afirmou Paulo Petroni O presidente da CervBrasil disse que, mesmo com o aumento da produção, as margens do setor estão comprimidas. Hoje, a maior parte dos insumos da indústria cervejeira é importada e subiu de preço com a variação cambial. Os produtores dizem que não conseguiram passar toda a variação de preços para os consumidores por conta da crise provocada pela covid-19. Por causa disso, o Ministério da Agricultura já percebe um aumento da produção brasileira de malte e lúpulo. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os preços da cerveja para consumo no domicílio subiram 6,91% nos últimos 12 meses e a cerveja para consumo fora do domicílio subiu 5,41%. Já a inflação dos alimentos e bebidas subiu 13,25% nesse período.