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Cultura & Entretenimento

O ATELIER

Ensaio escrito pelo ator/diretor Joel Garcia inspirado na obra de Gustave Courbet* .

A OBRA

O Ateliê do Pintor (L'Atelier du peintre) é um óleo sobre tela de 1855, de Gustave Courbet, exposto no Museu de Orsay, em Paris, França. É considerada uma das obras principais do movimento realista. Courbet usou seu próprio estúdio em Ornans, França, em 1855 para retratar o momento vivenciado nas artes. "O mundo chega a ser pintado no meu estúdio", disse Courbet. As figuras da pintura são representações alegóricas de várias influências na vida artística de Courbet. À esquerda, figuras humanas de todos os níveis da sociedade. No centro, Courbet trabalha em uma paisagem, enquanto se afasta de uma modelo nua que é um símbolo da arte acadêmica. À direita, estão amigos e associados de Courbet, principalmente figuras da sociedade parisiense de elite, incluindo Charles Baudelaire, Champfleury, Pierre-Joseph Proudhon e o mais proeminente patrono de Courbet, Alfred Bruyas. O júri da Feira Mundial de Paris de 1855 aceitou onze obras de Courbet para a Exposition Universelle, mas O Ateliê do Pintor não estava entre elas. Num ato de desagravo, Courbet, com a ajuda de Alfred Bruyas, abriu sua própria exposição (O Pavilhão do Realismo) perto da exposição oficial; este foi o precursor dos vários Salon des Refusés. Poucos elogios e muitas críticas onde Eugène Delacroix fora um dos apoiadores da iniciativa. Da pintura, Courbet afirmou que O Ateliê do Pintor "representa a sociedade no seu melhor, no seu pior e na sua média".

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MEU VERNISSAGE- O ATELIER

Num vernissage reúnem-se O Louco, Courbet, Baudelaire, Champfleury, Proudhon, Brujas e a Prostituta onde a discussão está por conta da importância e a finalidade dos artistas e suas obras. A independência e a submissão do artista:

O ATELIER

LOUCO- (Grita) Mamadores de tetas... Cagadores de Leis

(Burburinho)

COURBET- Senhores, vos reuni aqui para estabelecermos uma discussão sobre planos, projetos e idéias que nos serão submetidos, no intuito de realizar uma nova reorganização da arte e de seus interesses. Não há dúvidas que o governo não deve tomar a dianteira nessas questões, pois não é capaz de carregar em seu interior o espírito de uma nação; conseqüentemente, qualquer proteção será em si mesma prejudicial.

BAUDELAIRE- Uma taça para aqueles que apenas promovem sua arte banal ... (louco interrompe)

LOUCO-- O lixo contemporâneo. O “porâneo” que ele "contém" mata a arte. Eu vi...

BAUDELAIRE-. ... que sejam julgados por seus integrantes, opondo-se de forma necessária e sistemática a novas criações da mente humana ou estarão infligindo a morte das artes em todos os homens inventivos e talentosos, em detrimento de uma idéia apenas para a glória de uns pela tradição e doutrinas histéricas e nostálgicas sem o menor talento.

LOUCO- Mamadores de tetas... Cagadores de Leis

O AMANTE das ARTES- Algumas das obras que aqui vemos nem poderia aqui estar por tratar-se de um amontoado de resíduos desprezados em que seu autor apoia-se para se autodenominar artista.

LOUCO- Mamador de tetas... Eu vejo!

CHAMPFLEURY- Ao dar ao estado a responsabilidade de deliberar sobre as artes seria dar à raposa a guarda do galinheiro. O gerenciar da loja de cristais ao açougueiro ou a cultura à um néscio.

LOUCO- Esse é só um “cagador”... Eu sinto!

PROUDHON- Essas escolas não apenas desviam nossos jovens, mas nos privam da arte. Com suas desfavoráveis procedências, propondo, sobretudo, uma espetacularização da mediocridade, essa banalização túrgida, que vai no sentido contrário ao espírito da nossa nação. Tais condições podem apenas perpetuar a arte pela arte e a produção de trabalhos estéreis, miseráveis, sem caráter ou convicção, enquanto nos privam de nossa própria história e espírito sem qualquer compensação.

BRUJAS- Por conseguinte, proponho uma união dos artistas para que juntos construamos condições de igualdade com vistas ao bom desempenho de todos, banindo esse viés ideológico da mão do estado estabelecendo-se de imediato a concorrência própria da lógica de um mundo que prima pelo mercado e não pelo pleno desenvolvimento medíocre de uma arte rasa.

PROSTITUTA- (semi-nua) Para tomarmos decisões sobre bases mais racionais e alcançar os objetivos mais adequados aos nossos interesses comuns, no intuito de abolir os privilégios, as falsas distinções que estabelecem entre nós hierarquias perniciosas e ilusórias, é desejável que os artistas definam seu próprio curso. Por hora, sugiro que brindem, dancem e forniquem à vontade. De preferência até a exaustão pois somente a luxuria e a libidinagem por si só poderão transformar vossos ideais em obras de arte nobres. Nesse instante, declaro aberto todos os orifícios para o deleite das artes. A arte dos prazeres da carne. (Risadas) Um brinde!

LOUCO-...TEEETAS... EU QUEEROOOO ...

TODOS - Mexam suas bundas secas, mentes flácidas e incultas ...simplórias, inúteis. FORNIQUEM... (Brindam , atmosfera de rendez-vous)

FIM

Imagem -

*O ATELIER do PINTOR– 1855/Gustave Courbet

Museu D’Orsay-Paris

* IMPORTANTE: Todos os direitos reservados. Em caso de promoverem o "rendez-vous", ME CHAMEM.

Tags: Gustave Courbet, Arte, Artista, Museu D’Orsay-Paris, Brujas, Proudhon, Champfleury, Baudelaire, Cultura, Vernissage