BACK
Saúde

Maternidade e o caminho da felicidade

A maternidade é um dos instintos inatos das fêmeas humanas e é um importante software cognitivo ancestral responsável pela perpetuação da espécie.

Contudo, com o advento da cultura, que tem por marco a perenidade da obra humana por meio da arte, a maternidade não se configura apenas como uma necessidade instintiva mas como um desejo.

As componentes deste desejo são inúmeras e entre elas pode-se destacar: a necessidade de se pertencer a um determinado agrupamento humano pela repetibilidade de uma conduta procriatória, a projeção dos desejos e frustrações pessoais na prole, a vontade de agradar (o outro), o altruísmo social, o senso de dever, entre tantos outros.

Click to continue reading

A gravidez se consolida como uma avalanche hormonal muitas vezes acompanhadas de intensas alterações comportamentais, desde a melancolia até a euforia.

Mas é a partir do parto que a demanda de energia emocional aumenta pois a mulher precisa assumir um novo lugar social: o de mãe.

As escolhas implicam em renúncias e nem sempre, ao escolherem a maternidade, as mulheres estão preparadas para o enfrentamento das renúncias decorrentes do lugar de mãe. A começar que o seu próprio desejo fica relativizado diante das imperativas necessidades de um bebê.

O novo lugar, acompanhado das contínuas alterações hormonais, nem sempre apoiado pela família, pressiona a mulher às sensações de esgotamento emocional que muitas vezes culminam na depressão pós-parto.

Lidar com a nova conjuntura, diante das circunstâncias impostas pela maternidade, é fundamental para o enfrentamento de comportamentos ansiosos e depressivos.

Para fazer isso, é importante manter sempre dois aspectos emocionais ativados: a gratidão e a visão de futuro.

É importante que a mulher (para não dizer a humanidade) desenvolva e cultive hábitos de gratidão:

* Agradecer pelas coisas boas que se tem: sua vida, seu alimento, sua casa, seus filhos e família, dentre outras coisas gratuitas que a vida proporciona.

* Agradecer pelas coisas ruins que acontecem: toda adversidade é uma dádiva de oportunidades. Sem as coisas ruins não haveria aprendizado e sem aprendizado não se pode querer ensinar um filho. Paradoxalmente precisamos tanto das coisas más como das boas para a evolução moral.

* Agradeça pelas coisas ruins que não acontecem: todos os dias simplesmente nos vemos livres de coisas horríveis. Agradecer por estes livramentos é fundamental para se valorizar a si mesmo pela vida que se tem.

É ainda mais importante que se desenvolva e cultive uma visão de futuro. O sonho é o alimento da alma, sem ele a alma "morre". Pessoas ansiosas ou deprimidas geralmente tem visões de futuro pouco consolidadas. Uma boa visão de futuro contempla os seguintes aspectos:

* É razoável e ao mesmo tempo desafiadora: eu sou livre para desejar tudo o que eu quiser mas nem tudo me convém desejar. Desenhar objetivos realizáveis é fundamental para se estimular a persistência.

* É reforçada por crenças afirmativas em tempo presente: por mais que eu queira um dia ter minha própria casa é preciso dizer a si mesmo frases de autossugestão diariamente como "eu tenho minha própria casa, consigo me ver na minha casa, cada detalhe dela é como eu escolhi e eu consigo sentir as melhores sensações na minha casa, a casa que eu mereço e conquistei".

* Quantificável: é preciso encontrar formas de medir ou evidenciar o avanço realizado em direção à visão de futuro pois todo objetivo passa pela tríade da realização (eu quero, eu me vejo e eu me permito). Ao se medir continuamente o alcance da visão de futuro pode-se corrigir o rumo ou até mesmo a própria visão de futuro.

* Deve contemplar uma missão e um propósito: sendo a missão o dever consigo mesma para que seja para si uma pessoa melhor e o propósito o seu papel no mundo para trazer felicidade ao outro.

Ao conciliar gratidão com visão de futuro, a mulher com mais facilidade pode criar o novo caminho mental necessário para a autorrealização. Como psicoterapeuta tenho ajudado mulheres nesta conciliação emocional. Somente assim, feliz, poderá quem sabe inspirar em seus filhos a felicidade, aquela sensação que não se ensina mas se inspira.

Dr. Márcio Moraes

Psicólgo e Hipnoterapeuta com 20 anos de experiência.

Contatos: https://linktr.ee/drmarciomoraes

Membro:

Associação Americana de Psicologia

Conselho Federal de Psicologia do Brasil

Ordem dos Psicólogos Portugueses

Federação Europeia das Associações de Psicólogos