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Opinião

A prioridade de Darcy Ribeiro

Por Everton Gomes - Cientista político e porta-voz do Rio Boa Praça

No dia 24 de janeiro, as Nações Unidas comemoraram o Dia Internacional da Educação.

A data foi proclamada pela ONU para celebrar o papel da Educação para a paz e o desenvolvimento.

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Antonio Guterres, secretário-,geral da ONU, destacou que o ensino deve ser visto como um bem público.

De acordo com dados da ONU, 258 milhões de menores em todo o mundo não têm oportunidade de ingressar ou concluir a escola e 617 milhões não sabem ler e fazer cálculos básicos.

Este ano, estudantes, professores e seguidores de Darcy Ribeiro lembrarão do centenário do professor e político brasileiro, que nasceu em Montes Claros, no dia 26 de outubro de 1922.

Darcy Ribeiro dizia que a Educação era uma das grandes prioridades de sua vida.

Ministro da Educação no governo de João Goulart, entre 1962 e 1963 (Depois, foi Ministro-Chefe da Casa Civil de Jango, entre 1963 e 1964), Darcy Ribeiro contribuiu imensamente para a qualidade da Educação Pública.

Nos anos 60, durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi diretor (entre 1957 e 1961) de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Nesse período, participou das discussões sobre a criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1961.

Nessa época, junto com o educador Anísio Teixeira, idealizou e concretizou a criação da Universidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor.

Depois que voltou do exílio, em 1979, vitorioso na chapa com Leonel Brizola (Brizola para governador e Darcy Ribeiro para vice-governador), o antropólogo foi Secretário de Estado de Cultura e Coordenador do Programa Especial de Educação.

Criou, junto com o amigo Leonel Brizola, o Programa Especial de Educação, com o objetivo de implantar 500 unidades escolares, denominadas CIEPs ( Centros Integrados de Educação Pública) no Estado do Rio de Janeiro.

Nos CIEPs, escolas de tempo integral, os estudantes teriam atividades escolares regulares, além de reforço escolar, educação física, iniciação esportiva, projetos culturais, aulas de música, teatro e pintura.

A ideia era a de que as crianças ficassem nos CIEPs das oito da manhã, às cinco da tarde. E que pudessem fazer, nessas unidades de ensino, todas as refeições.

Oscar Niemeyer, a convite do amigo Darcy Ribeiro, assinou o projeto arquitetônico inicial dos CIEPs.

Muitas dessas salas de aula funcionavam no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. A Passarela do Samba também foi criada por Darcy Ribeiro.

Quando Leonel Brizola reelegeu-se governador do Rio de Janeiro, nos anos 90, Darcy Ribeiro, eleito senador, deu continuidade ao projeto dos CIEPs.

Mas, depois que Brizola deixou o governo e logo após a morte de Darcy Ribeiro em 1997, os governos subsequentes abandonaram o lindo trabalho e as escolas de tempo integral.

Darcy Ribeiro costumava dizer que "se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios ".

E, ele tinha razão.

Quando elegeu-se senador, em 1990, junto com os senadores Marco Maciel e Maurício Correa, foi um dos criadores do projeto de lei que deu origem à Lei 93494/1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.

Defensor da causa indígena, também criou o Museu do Índio, nos anos 60.

Antes de morrer, deixou, entre as várias edições de sua maravilhosa obra, o livro O Povo brasileiro (publicado em 1995), que aborda a formação histórica, étnica e cultural da população do Brasil.

Eleito em 1992 para a Academia Brasileira de Letras, Darcy Ribeiro será lembrado pelas gerações de hoje e do futuro. E terá, sempre, seguidores que continuarão a ter, em suas vidas, a Educação como prioridade.

Tags: Darcy Ribeiro, educacao, ONU