BACK
Opinião

O aniversário de Brizola

Por Mauro Magalhães  - Ex-deputado e empresário. 

     Eu já escrevi aqui, algumas vezes, sobre o grande líder da política, Leonel Brizola, 

criador dos CIEPs e democrata brilhante, defensor do respeito à  Constituição. Ele teria feito 102 anos, no último dia 22 de janeiro. 

Click to continue reading

   Adversário na política, nos anos 60, quando eu  comecei na carreira parlamentar  e fui eleito, em 1962,  pela extinta UDN, para a Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, Brizola era a oposição. 

  Eleito, em 1962, pelo PTB de Getúlio Vargas e de João Goulart, como o deputado federal mais votado do antigo Estado da Guanabara, Leonel Brizola foi um dos mais combativos adversários do meu amigo e líder , nos anos sessenta, Carlos Lacerda e dos lacerdistas  (eu era um lacerdista convicto).

Quando veio 1964, Carlos Lacerda, logo no início do governo do Marechal Castelo Branco, se desentendeu  com o novo presidente, que não cumpriu o acordo de respeitar as eleições marcadas para 1965. Foi aí que eu e outros companheiros lacerdistas, decidimos seguir o ex-governador do antigo Estado da Guanabara.  

 Por causa de minha participação na Frente Ampla, depois que fui cassado pelo AI-5, em 1969, eu me aproximei mais dos brizolistas e janguistas, como foi o caso de José Gomes Talarico (amigo de João Goulart e de Leonel Brizola) . E, tornei-me amigo, também, de Juscelino Kubitschek, que considero um dos maiores estadistas do país. 

Quando Leonel Brizola voltou do exílio, em 1979, eu, finalmente, pude me aproximar dele. 

Exilado em Montevideo, em 1964, para fugir da ditadura militar uruguaia, no final da década de 70,  Brizola conseguiu ir,  legalmente, para os EUA- graças à política de Direitos Humanos do presidente Carter, que está vivo,  até hoje - e de lá foi para Portugal, com o apoio do presidente Mário Soares.

Brizola voltou do exílio, no dia da Independência do Brasil, 7 de setembro. Foi, primeiro, para São Borja. Terra de  Getúlio Vargas, João Goulart e dona Neusa  (irmã de Jango), no Rio Grande do Sul. 

Com o propósito de restaurar o PTB criado por Getúlio Vargas, aqui no Rio de Janeiro, Brizola voltou a fazer contato com antigos companheiros e, até mesmo, com antigos adversários.  

Foi o meu caso. Eu, que participei da Frente Ampla , integrada pelos líderes Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, fui convocado por Leonel Brizola.  Para uma dessas conversas históricas. 

Por questões ideológicas, eu não pude aceitar o convite de Brizola, para ir para o PDT, partido criado como opção aos trabalhistas, depois que Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio,  traiu os brizolistas e tomou posse do PTB. 

Apesar de não ter ido para o PDT, eu acompanhei de perto a eleição de Brizola para o governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1982, e fui convidado por ele para a posse, em 1983.

No governo Brizola, eu estava sempre com ele, conversávamos muito. Por ser do setor imobiliário, eu o mantinha informado sobre o que acontecia no meio empresarial. 

Quando eu inaugurei o Tijuca Off Shopping, em 1983, Brizola e dona Neusa foram me prestigiar. Tenho fotos dele, inclusive, com minha mãe, Dorvina, dona Neusa, seus filhos, João Vicente e Neusinha. E, também, com a neta do casal, Laila, ainda menina. 

Quando Brizola morreu, eu fiquei muito triste.  Acompanhei o velório e o enterro. Além de grande político, foi um homem público e amigo inesquecível.