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Saúde

Ciência descobre os benefícios da bondade

Ser gentil compensa, é o que a ciência descobriu.

Pesquisas mostram que atos de bondade nos fazem sentir melhor e mais saudável, emocional e fisicamente. A bondade também é fundamental para a maneira como evoluímos e sobrevivemos como espécie. Nós somos conectados para ser gentis.

"A bondade é muito mais antiga que a religião. Parece universal", disse o antropólogo da Universidade de Oxford Oliver Curry, diretor de pesquisa da Kindlab. "A razão básica pela qual as pessoas são gentis é que somos animais sociais ".

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Em um estudo no qual os pesquisadores pediram a diversas pessoas para definir, entre uma série de valores, quais eram mais importantes, a benevolência ou gentileza ficou em primeiro lugar, superando hedonismo (um modo de vida que valoriza o prazer acima de tudo), ter uma vida emocionante, criatividade, ambição, tradição, segurança, obediência, buscar justiça social e buscar poder, explicou a psicóloga Anat Bardi, da Universidade de Londres (Reino Unido).

O mesmo resultado se repetiu em outra dezena de países consultados, a bondade sempre esteve em primeiro lugar. E nos países escandinavos, esses números foram mais altos, justamente os países que tendem a ser os lugares mais felizes do ranking mundial anual.

"Muitas pessoas me dizem, bem, as pessoas não são gentis. E eu acho que isso é uma falácia de percepção, porque quando você mede o comportamento das pessoas, na verdade você descobre que elas são gentis", disse Bardi. "As pessoas realizam atos de bondade regularmente."

O problema é que lembramos do gesto cruel ou da pessoa rude, e não da bondade mais comum e esperada, disse Bardi. No fundo, ela disse, estamos motivados a ser gentis.

"Somos gentis porque, nas circunstâncias certas, todos nos beneficiamos da gentileza", disse Curry, de Oxford.

Quando se trata de sobrevivência de uma espécie "a bondade compensa, a amizade compensa", disse o antropólogo evolucionário da Universidade Duke, Brian Hare, autor do novo livro "Survival of the Friendliest" (em tradução livre, “Sobrevivência do mais Amigável”). Tanto ele como McCullough disseram que a frase "sobrevivência do mais apto" foi mal compreendida, especialmente quando se trata de humanos. Quanto mais amigos você tem, mais pessoas ajudam, mais bem-sucedido é, disse Hare.

O raciocínio é outro fator importante, muitas vezes, nossos maiores atos de bondade vêm do pensamento. Quando você pergunta às pessoas que doam rins vivos a estranhos, elas geralmente não falam muito sobre sentimentos, mas dão razões lógicas para isso, disse McCullough.

Estudos mostram também que as mesmas áreas do cérebro que nos dão a capacidade de nutrir e amar também mas também podem ser convertidas para desumanizar e excluir. Assim, algumas das mesmas pessoas que são generosas com a família e amigos íntimos, quando se sentem ameaçadas por pessoas de fora, ficam mais irritadas. Ele aponta para a atual polarização do mundo.

"É mais provável que grupos mais isolados se sintam ameaçados por outros, e é mais provável que excluam e desumanizem moralmente", disse Hare. "E isso abre a porta para a crueldade."

Mas nossas mentes não são programadas automaticamente para sermos gentis. As pessoas podem ser rudes e maldosas, é uma escolha, mas se o fizerem perderão com isso.

“Fazer bondade nos deixa mais felizes e ser feliz faz com que façamos atos gentis”, disse o economista trabalhista Richard Layard, que estuda felicidade na London School of Economics (Reino Unido).

Esse conceito foi testado em uma pesquisa conduzida pela psicóloga Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia em Riverside (EUA). Ao longo de 20 anos, ela realizou vários experimentos, concluindo sempre que as pessoas se sentem melhor quando são bondosas com os outros, mais do que quando são gentis apenas consigo mesmas.

Em um dos experimentos, por exemplo, indivíduos tiveram que fazer três atos de bondade a estranhos por semana, enquanto outros apenas tinham que ser bondosos consigo mesmos. Não precisava ser nada grande; segurar uma porta já contava. As pessoas que foram gentis com os outros se sentiram mais felizes e conectadas com o mundo. O mesmo também vale para gastar dinheiro consigo mesmo versus usar com os outros.

Curry, de Oxford, analisou pesquisas revisadas por pares como a de Lyubomirsky e encontrou pelo menos 27 estudos mostrando a mesma coisa: ser gentil faz as pessoas se sentirem melhor emocionalmente.

Mas não é apenas emocional, o bem estar também é físico.

Lyubomirsky disse que estudou pessoas com esclerose múltipla e descobriu que elas se sentiam melhor fisicamente ao ajudar outras pessoas. Ela também descobriu que, nas pessoas que praticam mais atos de bondade, os genes que desencadeiam a inflamação foram diminuídos mais do que nas pessoas que não o fazem. Ela disse que nos próximos estudos encontrou mais genes antivirais em pessoas que fizeram atos de bondade.

O benefício geral da bondade está longe de ser uma surpresa para o Rev. Mons. John Enzler, presidente de instituições de caridade católicas da arquidiocese de Washington. Ele disse que sua vida foi abençoada pela bondade dos outros, então "isso me traz felicidade, satisfação e grande alegria sentir que meus atos aleatórios de bondade fazem uma enorme diferença na vida dos outros".

#gratidão ;)

Fonte: MedicalXpress

Tags: bondade, gentileza, saúde, Felicidade