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Japão anuncia descargas da Central Nuclear de Fukushima
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Japão anuncia descargas da Central Nuclear de Fukushima

Liberação da água começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de março de 2011, causada por forte terramoto e tsunami. Plano preocupa países vzinhos.

Internacional

Governo japonês anunciou esta terça-feira que as águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central nuclear de Fukushima Daiichi serão lançadas no oceano a partir de quinta-feira.

O primeiro-ministro, Fumio Kishida, deu o aval final numa reunião dos ministros envolvidos no plano e deu instruções ao operador da central, a Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), para estar pronto para iniciar as descargas na quinta-feira, se o tempo o permitir.

A libertação de água começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de março de 2011, causada por um forte terramoto e tsunami.

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A central de Fukushima Daiichi deverá, no início de 2024, ficar sem espaço para armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos reatores nucleares.

Tanto o governo japonês como a TEPCO alertaram que a água deve ser removida, para evitar fugas acidentais dos tanques.

Apesar de ter sido aprovado pela Agência Internacional de Energia Atómica, o plano levantou preocupações nos países vizinhos, provocando protestos de rua na Coreia do Sul e levando a China a proibir a importação de alguns alimentos de dez províncias do Japão.

Na segunda-feira, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, defendeu que descarregar a água no oceano "não é a opção mais segura ou mais prudente".

"O Japão simplesmente escolheu-a para reduzir os custos económicos. Isto representará riscos desnecessários para os países vizinhos e para o resto do mundo", lamentou Wang, numa conferência de imprensa.

Hong Kong anunciou já esta terça-feira a imposição "imediata de medidas de controlo da importação" de produtos japoneses.

"Instruí imediatamente o secretário para o Ambiente e Ecologia e os departamentos relevantes para imporem de imediato medidas de controlo de importações", disse o líder do Governo da região chinesa.

Numa publicação na rede social Facebook, John Lee Ka-chiu disse que a medida serve para "proteger a segurança alimentar e a saúde pública de Hong Kong", que apontou como "as principais prioridades do governo".

O chefe do executivo do território disse que "esta decisão e medida sem precedentes" acarreta "riscos inevitáveis para a segurança alimentar, assim como poluição e danos irreversíveis ao ambiente marinho".

"Oponho-me fortemente a intencionalmente impor os meus próprios problemas aos outros", acrescentou John Lee.

Também Macau anunciou esta terça-feira a proibição de importação de alguns alimentos de dez províncias do Japão.

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) confirmou a proibição da importação de produtos frescos, incluindo vegetais, frutos, carne, ovos e laticínios de 10 regiões do norte e centro da ilha de Honshu, incluindo de Fukushima e da capital, Tóquio.

Num comunicado, o IAM prometeu ainda "reforçar as inspeções", em lojas de Macau, a produtos importados de outras regiões do Japão, dando como exemplo arroz, algas e chá.

O instituto disse que as medidas visam "proteger a segurança alimentar de Macau e a saúde dos residentes".

As medidas serão aplicadas apesar de o IAM ter admitido que, até segunda-feira, testou os níveis de radiação em 23.137 amostras de alimentos importados do Japão, sem qualquer resultado anormal.

O mesmo comunicado sublinhou que o Governo de Macau expressa "forte insatisfação" com a decisão japonesa de descarregar água da central de Fukushima "sem consultar de forma adequada os países vizinhos".

No final de junho, o comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau criticou o plano japonês, classificando-o de irresponsável e de violar o direito internacional.

O Governo da Coreia do Sul tem realizado vários testes para demonstrar às pessoas que não há risco de contaminação ambiental ou de alimentos devido às descargas de Fukushima.