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Política
Quem mandou matar Celso Daniel?
Condenado por ser um dos cabeças do esquema do Mensalão, o publicitário e empresário Marcos Valério afirmou, durante um depoimento ao Ministério Público de São Paulo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos mandantes da morte do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. o caso aconteceu em 2002 e jamais foi solucionado. As informações são da revista Veja.
De acordo com Valério, ele e o chefe de gabinete de Lula na época, Gilberto Carvalho, compraram o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, durante uma reunião um ano após a morte de Celso Daniel. O empresário teria aceitado a proposta, mas não sem antes dizer que "não pagaria o pato sozinho" pela crime. “[Ronan Maria Pinto] afirmou com muita clareza e um modo muito simples que lhe é próprio que iria apontar o presidente Lula como mandante da morte do prefeito Celso Daniel”, contou Valério.
Ainda segundo o publicitário, o motivo da morte de Celso Daniel teria sido o fato do prefeito ter se prontificado a pagar por uma caravana de Lula pelo Brasil com dinheiro do município, mas teria desistido de participar por conta dos esquemas de corrupção. “Uma coisa era o Celso bancar as despesas do partido, da direção do partido e do próprio presidente. Outra era envolver a prefeitura em casos que beiravam a ação de gângster”, contou.
No mesmo depoimento, Valério conta que Ronan Maria Pinto chantageou membros da cúpula petista, dizendo que apontaria Lula como "o cabeça" na morte de Celso Daniel. Após uma longa negociação, ele teria aceitado ficar em silêncio sobre o caso. Valério diz que informou Lula pessoalmente: “Eu virei para o presidente [Lula] e falei assim: ‘Resolvi, presidente’. Ele falou assim: ‘Ótimo, graças a Deus’”, finalizou.
Celso Daniel foi assassinado no dia 18 de janeiro de 2002 a tiros tiros, após ser vítima de um sequestro. A morte do então prefeito de Santo André gerou muito burburinho, mas acabou sendo investigada como crime comum. Menos de um ano antes, o também petista Toninho, que era prefeito de Campinas, também foi morto a tiros de forma misteriosa.
Com base em dispositivo do pacote anticrime, desde Maio de 2022, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu a progressão do regime semiaberto para o aberto a Marcos Valério, condenado no Mensalão a 37 anos, cinco meses e seis dias de reclusão, em regime inicialmente fechado, pelos crimes de peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.
No entanto, Marcos Valério vai seguir em prisão domiciliar – a qual lhe foi concedida em razão da pandemia da covid-19. Isso porque, segundo Barroso, informação prestada pelo juízo de Nova Lima (MG) indica que não há, naquele local, “estabelecimento prisional adequado para o cumprimento de pena em regime aberto” – no qual o condenado pode trabalhar durante o dia e, à noite, deve se recolher em casa de albergado.
Assim, segundo o despacho do ministro do STF, será mantida a prisão domiciliar do condenado no Mensalão “enquanto perdurar a situação informada, por se tratar de medida aplicável a todos os apenados que se encontram na mesma situação”. No despacho, Barroso também reiterou a obrigatoriedade do integral pagamento da multa imposta na condenação. O valor atualizado do débito é de R$ 10.348.656,67.
No entanto, apesar de frisar a “obrigatoriedade do integral adimplemento” do montante, o ministro do STF entendeu que não era possível concluir, ao menos até o momento, pela configuração de “inadimplemento deliberado”. Tal reconhecimento poderia impedir a progressão de regime de Marcos Valério. O entendimento de Barroso tem relação com o bloqueio judicial dos bens e da renda mensal atual recebida pelo condenado, no valor de R$ 2,8 mil.
Ao analisar o caso de Marcos Valério, Barroso entendeu que incide, no caso do condenado no Mensalão, o novo porcentual para progressão de regime – de 16% de cumprimento da pena na hipótese de apenado primário e crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.
Todas as mortes do caso Celso Daniel
Além do ex-prefeito de Santo André, assassinado em janeiro de 2002, sete homens ligados ao caso morreram
Acusado de encomendar a morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, morreu nesta terça-feira após uma longa batalha contra o câncer. Assim que a notícia veio à tona, teorias da conspiração começaram a surgir nas redes sociais levantando dúvidas sobre a causa da morte. Sombra estava internado há cinco dias e se tratava de uma grave doença – nada há de misterioso, portanto, em sua morte. Mas, como em um romance policial, o crime contra Celso Daniel foi de fato seguido por outras sete estranhas mortes que podem ter relação com o caso. Relembre-as a seguir:
1. Carlos Delmonte Printes
Médico legista que emitiu o laudo identificando sinais de tortura no corpo do prefeito, afirmando que Celso Daniel foi embalsamado - o que possibilitaria uma autópsia posterior - e que a real data da morte foi em 19 de janeiro. Printes foi encontrado morto em seu escritório, em outubro de 2005. A Polícia Civil concluiu que o médico cometeu suicídio por causa do fim de seu casamento, ingerindo medicamentos que interromperam sua respiração.
2. Dionísio Aquino Severo
Líder da quadrilha da Favela Pantanal, foi resgatado por um helicóptero do Presídio Parada Neto, em Guarulhos (SP), dois dias antes do sequestro de Celso Daniel, do qual participou. Foi preso três meses após o crime e afirmou á polícia que tinha revelações a fazer. Antes de contar o que sabia, foi encontrado morto no Presídio do Belém, em São Paulo. Aílton Freitas, um dos presos que fugiram com ele, disse em depoimento que Dionísio havia sido resgatado para cumprir a tarefa de "queima de arquivo" de um "peixe grande" e que o empresário Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra" seria o mandante do crime.
3. Sérgio 'Orelha'
Escondeu Dionísio quando ele fugiu do presídio de Guarulhos. Foi morto a tiros em novembro do mesmo ano.
4. Otávio Mercier
Investigador da Polícia Civil que procurava Dionísio após a fuga e conversou com ele pelo telefone às vésperas do sequestro de Celso Daniel. Foi encontrado morto em casa também com marcas de tiros.
5. Antonio Palácio de Oliveira
Garçom que serviu o último jantar do prefeito, em uma churrascaria na região central de São Paulo, do qual Celso Daniel saía com Sombra quando foi sequestrado. Morreu ao chocar a moto contra um poste quando era perseguido por dois homens.
6. Paulo Henrique Brito
Testemunha do acidente do garçom, foi morto 20 dias depois.
7. Iran Moraes Redua
Agente funerário que reconheceu o corpo de Celso Daniel em uma estrada de terra em Juquitiba, a 78 quilômetros de São Paulo. Foi morto a tiros em novembro de 2004.
21 anos e a pergunta continua: quem mandou matar Celso Daniel?
Estranhamente, o partido nunca demonstrou muito interesse em esclarecer os fatos. Estranho. Teóricos da conspiração dizem até hoje que foi “queima de arquivo”.